5 motivos para fazer uma maratona de Arrested Development agora
Por Darllam Cruz
Colaboração para a SUPERINTERESSANTE
Quando Arrested Development foi cancelada, em 2006, os fãs entraram em uma espécie de luto. A série teve apenas três temporadas, altamente elogiadas e premiadas pela crítica. Mas a mesma qualidade não aparecia na audiência, cujos baixos índices motivaram sua morte prematura. O fato da série ter tido fim em pleno auge só fez com que a devoção a seu redor aumentasse. E a esperança de que ela ressurgisse passou a existir desde então, fruto da vontade declarada do criador, Mitchell Hurwitz, do elenco e dos fãs de continuarem fazendo e acompanhando a história da família Bluth.
De 2006 para cá, a série foi redescoberta em DVD e se popularizou na internet, angariando novos fãs que não demorariam a se juntar aos antigos em sua fidelidade digna de seguidores de uma seita. Campanhas e petições online não pararam de surgir, e a volta de Arrested Development tornou-se algo inevitável. Boatos sobre um filme que arrematasse a série transformaram-se em tentativas frustradas de Hurwitz. No ano passado, com as chances de um filme já esgotadas, veio enfim a resposta de como se daria esse retorno: Arrested Development voltará como série exclusiva da Netflix, serviço de streaming responsável pelas séries House of Cards e Hemlock Grove.
No domingo (26), quinze novos episódios de 30 minutos foram lançados pelo site de streaming. Sendo você um fã antigo ou ainda um não convertido, a Superinteressante te dá cinco motivos para largar tudo e dedicar suas próximas horas a uma maratona de Arrested Development.
1. Os Bluth
It’s Arrested Development
A televisão sempre esteve repleta de famílias disfuncionais, mas elas ainda têm uma coisa ou outra a aprender com os Bluth. No piloto de Arrested Development, Michael Bluth (Jason Bateman) se imbui da missão de tentar manter sua família unida depois da prisão de seu pai, George Sr. (Jeffrey Tambor), por práticas ilegais no comando da Companhia Bluth. É uma tarefa colossal: além de lidar com a ruína financeira e os escândalos, ele terá que conviver com os outros membros de sua família que estão preocupados apenas em manter o nível de vida que sempre tiveram.
No mundo dos Bluth, Michael é o único adulto em sua família capaz de tomar decisões racionais, o que faz com que a dinâmica dessa relação algo exasperador, hilariante e irresistível. Assim como seu marido, a matriarca Lucille Bluth (Jessica Walter) está enterrada até o pescoço nas maracutaias da empresa da família. E sendo a genética uma força poderosa, seu egocentrismo foi passado para os filhos Gob (Will Arnett), Lindsay (Portia de Rossi) e Buster (Tony Hale), que, juntos à Tobia Fünke, marido de Lindsay, só conseguem esboçar uma autonomia quando precisam lidar com a falta de dinheiro. Já os adolescentes George Michael (filho de Michael) e Maeby (filha de Lindsay e Tobias), interpretados por Michael Cera e Alia Shawkat, são os personagens mais normais da série. Se ignorarmos uma paixão proibida que surge entre os primos.
Para Mitchell Hurwitz, os Bluth são apaixonantes justamente por causa de suas falhas. “No final, os defeitos são as únicas coisas que eles realmente apreciam um no outro”, disse o criador na entrevista coletiva que a SUPER acompanhou. Esse comprometimento com as partes mais feias do caráter de cada integrante da família torna ainda mais intensos e memoráveis os (poucos) momentos de ternura e companheirismo que eles dividem. Pela primeira ou décima vez, é sempre bom estar na companhia dos Bluth.
2. O elenco
Os personagens de Arrested Development não costumam se dar bem entre si, mas o casamento entre os atores e seus personagens não poderia ser mais perfeito. Além do excelente elenco principal, a série tem uma gama de personagens coadjuvantes hilários, como Kitty (Judy Greer), secretária da Companhia Bluth, Barry (Henry Winkler), o advogado da família e Ann (Mae Whitman), namorada de George Michael.
Ela?
Jeffrey Tambor e Jessica Walter, também presentes na coletiva, mostraram que a felicidade de rever o elenco não é exclusiva dos fãs. “Foi um dos melhores momentos da minha carreira profissional”, disse Jeffrey Tambor sobre o reencontro com seus colegas de trabalho. “Não somos um grupo sentimental, mas rolaram lágrimas”, confessou Jessica Walter.
A lista de atores convidados da série também é absurda. Um dos episódios da primeira temporada traz em papéis secundários três dos principais nomes da comédia atual: Amy Poehler (Parks and Recreation), Jane Lynch (Glee) e Julia Louis-Dreyfus (Seinfeld). Durante as três temporadas da série, os atores Ben Stiller, Zach Braff, Carl Weathers, Charlize Theron e Liza Minelli também fizeram participações estranhas e memoráveis.
Com a nova temporada, finalmente poderemos ver quais desses atores irão retornar e quantos mais serão adicionados à lista. Seth Rogen e Kristen Wiig já estão confirmados como os jovens Sr. e Sra. Bluth, assim como Isla Fisher, Busy Philipps, Natasha Leggero, John Krasinski, Terry Crews, John Slattery e Conan O’Brien.
3. As piadas internas
Alguém nessa família já viu uma galinha?
Um dos motivos de Arrested Development ter fãs tão fanáticos é o seu efeito cumulativo. Ao longo de suas três primeiras temporadas, a série desenvolveu uma rede insana de piadas internas recorrentes. Quem assiste com assiduidade e atenção se sente recompensado com essas piadas, e a série só melhora quando vista repetidas vezes, pois alguns elementos presentes nos episódios são prenúncios de reviravoltas que só acontecerão em episódios futuros.
Essas piadas refletem o nível de atenção ao detalhe de uma série que nunca se intimidou diante dos riscos para arrancar risadas. Algumas piadas só são percebidas se a cena for pausada, enquanto outras se apoiam essencialmente na metalinguagem (as piadas sobre os riscos de cancelamento da série foram responsáveis por alguns dos melhores momentos da terceira temporada).
Mitchell Hurwitz atribui o sucesso da recorrência de piadas ao trabalho constante e um pouco de sorte: “Muita coisa é coincidência, mas parece intencional. É o benefício secreto de trabalhar muito. Nós estamos sempre pensando nisso e constantemente tentamos adicionar mais reflexos dos Bluth no mundo ao redor deles. É uma batalha para achar coisas engraçadas”. Essa batalha vocês levaram, Hurwitz.
4. Entender a nova temporada
Mitchell Hurwitz recebe o Emmy pela série
Os atores e a equipe estão em regime de silêncio e os vídeos da nova temporada divulgados não revelaram nenhum ponto do enredo. Todo esse cuidado foi para não estragar as surpresas da trama. Mas como Arrested Development encerrou seu antigo curso com um final cheio de reviravoltas, ficou a questão de como encontraremos os Bluth: a nova temporada será uma continuação direta da terceira ou se passará depois de todos esses anos?
Segundo Hurwitz, é um pouco de cada: “A série acabou tendo uma estrutura em três atos: onde eles estavam, o que fizeram durante esse tempo e onde estão agora. Então foi difícil contar todas essas histórias e achar uma trama que atravesse todo esse período”. Ao contrário do que foi divulgado antes, Hurwitz avisa que existe sim uma ordem em que a nova temporada precisa ser vista para que a história (e as piadas) sejam completamente absorvidas. Ele também avisou que ajudaria se todos os episódios não fossem vistos de uma só vez, como muita gente pretende fazer. Podemos até considerar o primeiro conselho. Quanto ao segundo, não há garantias.
5. Sofrer com o restante do mundo
Já no domingo, alguns fãs que não seguirem o conselho de Hurwitz se verão de novo com sinais de abstinência. Ninguém está reclamando, mas quinze episódios não serão suficientes para aplacar todo esse tempo de espera. Ao ser perguntado se podemos esperar outra temporada, Mitchell Hurwitz fez mistério. “Podem esperar mais de alguma coisa. Há mais história a ser contada. Existem vários obstáculos para transformar isso em realidade, mas acho que todos estão dentro. Eu com certeza estou”. Declarações assim deixam os fãs em dúvida quanto o que está por vir: seria mais uma temporada ou o filme finalmente sairá do papel?
O que quer que seja, que não demore mais sete anos.
Imagens: Divulgação
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