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Por Maria Clara Rossini
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Alline Campos busca reconstruir as conexões neurais de pessoas com depressão

A #MulherCientista desta semana é uma pesquisadora da USP que busca fármacos mais eficazes para pessoas com distúrbios psiquiátricos.

Por Maria Clara Rossini
Atualizado em 9 ago 2022, 14h39 - Publicado em 20 jan 2021, 22h41

Quem sofre de transtornos psiquiátricos sabe da dificuldade de se encontrar um medicamento certeiro. Antidepressivos podem demorar semanas ou meses para fazer efeito – até lá, o paciente continua na pior, para não falar nos possíveis efeitos adversos das drogas em si. A demora se deve, em partes, ao fato de que esses fármacos interferem em algo complexo chamado neuroplasticidade. Vamos entendê-la.

Neuroplasticidade é uma palavra bonita para se referir à capacidade do seu cérebro de se moldar a novas experiências ao longo da vida, por meio da criação de novas conexões entre os neurônios. Isso começa ainda no útero, quando os neurônios estão se formando, e é especialmente importante na infância e na adolescência, conforme aprendemos a andar, ler, escrever e amar. Ninguém esquece como pedalar uma bicicleta. 

Nós não paramos de inaugurar novas conexões na vida adulta. Trata-se da terceira e última fase na neuroplasticidade, em que experiências mais simples podem moldar o cérebro – estimulando a criação ou destruição de conexões mais sutis. “É quando você experimenta uma comida nova e aquele sabor fica marcado. Estamos fazendo neuroplasticidade o tempo todo”, explica a pesquisadora Alline Campos.

Alline é professora do Departamento de Farmacologia da Faculdade de Medicina da USP e está interessada em pacientes com níveis menores de plasticidade cerebral – geralmente pessoas com depressão, autismo, ansiedade e Alzheimer. “Não é que essas pessoas não sejam normais. É que os sintomas delas são tão graves que as afastam de quem elas são”.

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O contrário também ocorre: pessoas que criaram conexões traumáticas intensas demais após casos de estupro ou violência. A sensação volta à tona após o trauma, mesmo em contextos seguros. “Se a vítima foi estuprada em uma rua escura, ela pode voltar a sentir aquilo sempre que estiver andando na rua”, diz Aline. 

Essas conexões ficam tão enraizadas que é impossível simplesmente desfazê-las – pode-se, no máximo, torná-las mais fracas, gerando plasticidade por cima da plasticidade que já se formou – o que é chamado de metaplasticidade.

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Alline precisa estudar e entender cada uma dessas fases para poder criar tratamentos que atuem melhor na neuroplasticidade. Seu laboratório realiza pesquisas com medicamentos tanto in vitro quanto com pacientes da vida real, que tomam remédios psiquiátricos no dia a dia.

Primeiro, os fármacos são testados em culturas de células para verificar se eles de fato estimulam a formação de novas conexões (e também para avaliar se são seguros, é claro). Depois é a vez dos modelos animais, os bons e velhos camundongos. A última parte são os testes clínicos, em que, para fins de comparação, alguns voluntários humanos recebem placebos e outros, o medicamento real.

Antidepressivos geralmente começam a reconstruir conexões no nosso cérebro dois meses após o início do tratamento. A equipe de Alline está desenvolvendo maneiras de antecipar e potencializar esse efeito. Por exemplo: os pesquisadores já verificaram que uma pequena dose de canabidiol em conjunto com o antidepressivo pode potencializar as ações neuroplásticas. Alline também trabalha com antipsicóticos para tratar esquizofrenia e fármacos para o Alzheimer.

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“Nós tentamos trazer o cérebro para a condição anterior à doença. Mesmo que não dê para tornar o cérebro idêntico ao que ele era antes, é possível reduzir a experiência dos sintomas. Tudo para trazer qualidade de vida, enfrentar o estigma social e voltar a sentir prazer e o amor de outras pessoas”, diz Aline. 

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