Assine SUPER por R$2,00/semana
Imagem Blog

Oráculo Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por aquele cara de Delfos
Ser supremo detentor de toda a sabedoria. Envie sua pergunta pelo inbox do Instagram ou para o e-mail maria.costa@abril.com.br.
Continua após publicidade

Por que chamamos quem é azarado de “pé-frio”?

Nada de Mick Jagger. A menção mais antiga veio de uma peça teatral do século 17 – mas ela se popularizou mesmo no final do século 19.

Por Oráculo
Atualizado em 7 abr 2021, 16h23 - Publicado em 23 nov 2016, 11h47
.
Desde a Copa do Mundo de 2010, o cantor Mick Jagger, líder dos Rolling Stones, ganhou a fama de “pé-frio” por apoiar times que acabaram perdendo. Em 2014, os torcedores acima tentaram usá-lo como amuleto para “secar” a Alemanha. Não deu certo. (Chris Brunskill Ltd/Getty Images)

Existem algumas origens possíveis. De acordo com Gabriel Othero, linguista da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), uma delas pode se referir aos mortos, cujos corpos perdem o calor. Outra versão diz que, em momentos íntimos, é sorte ter uma companhia que nos aqueça. Daí teria surgido a frase “sai para lá com esse pé-frio!”.

Mas a verdade é que a história dessa expressão é um pouco mais extensa. E para entendê-la, é preciso voltar um pouco no tempo – mais precisamente, para o século 19.

Em 1805, um dos primeiros registros do termo “pé-frio” apareceu em uma coluna do periódico The Republican-Journal em Darlington, uma cidade de Wisconsin, nos Estados Unidos. No texto, o autor descreveu um jogo de pôquer de que participara e, sobretudo, o método que desenvolvera para evitar perder dinheiro. Quando os seus pés esfriassem (“cold feet”), era hora de sair da partida.

Um uso parecido foi registrado no livro Seed Time and Harvest, do escritor alemão Fritz Reuter, em 1862. Na obra, Reuter descreve um jogo de cartas e um jogador que abandona a partida após um caso de “pés frios”. O romance foi publicado em inglês oito anos depois, em 1870.

Ainda que não se saiba exatamente o que inspirou os dois autores a usar o termo para descrever alguém cauteloso, existe um precedente similar. Em 1605, na peça Volpone (também conhecida como O Alquimista), do dramaturgo inglês Ben Jonson, há um ditado em lombardo (considerado um dialeto italiano) que diz algo como “frio nos meus pés”. Naquele contexto, a expressão dizia respeito a alguém com pouco dinheiro e, por conta disso, sem sapatos adequados.

Continua após a publicidade

A hipótese é que, com o tempo, pé-frio passou a ser usado quando o assunto é falta de grana – e em jogos, para quando alguém se afasta com cautela. Na língua inglesa, vale dizer, o termo é sinônimo para “medo”, “apreensão” ou “falta de coragem” para algo previamente combinado. É comum usá-lo, por exemplo, para se referir a noivos e noivas apreensivos antes do casamento.

Em 1896, a expressão apareceu no livro Maggie: A Girl of the Streets, do escritor e poeta americano Stephen Crane. O trecho em questão é mais ou menos assim: “Eu sabia que era assim que seria. Eles ficaram com pé-frio” – ou seja, “amarelaram”.

A partir daí, “pé-frio” se popularizou. Segundo o site Slate, a frase era usada por universitários no começo dos anos 1900. Com a chegada da Primeira Guerra Mundial (1914), a expressão passou a caracterizar quem estava com medo de ir lutar no confronto.

Continua após a publicidade

Esse uso, inclusive, inspirou a criação de fake news. Ao usar “pé-frio” no contexto da guerra, algumas pessoas começaram a dizer que a origem do termo estava ligado aos soldados cujos dedos do pé, feridos pelo frio, os impediam de entrar em batalha. É uma história curiosa – mas pura invenção.

Pergunta de Cintya Takahaschi, São Paulo, SP

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.