Impedir a liberdade de escolha é sustentável?
Com edição de Mônica Nunes
A ONG WWF mundial está promovendo uma ação na internet para impedir que arquivos digitais sejam impressos. A ideia é que, em vez de os internautas divulgarem apelos engajados – “Pense bem antes de imprimir”, por exemplo – em suas assinaturas de e-mails, já enviem os arquivos (anexados) bloqueados para impressão.
Ou seja, quem decide que não será impresso é quem envia e não quem recebe. Para isso, basta salvá-lo com a extensão .wwf . Ela cria uma espécie de impressora virtual que gera um arquivo “verde”, mantendo o arquivo apenas no meio digital.
A iniciativa – que, segundo a WWF, já teve a adesão mais de 53 mil adesões no mundo – tem o lema “salve como wwf e salve uma árvore”. No entanto, “salvar árvores” é simbólico e muito subjetivo. Além disso, a indústria do papel está tão desenvolvida que esse discurso parece antigo.
Vamos analisar, então: o que é mais sustentável na prática? Imprimir? Ou ficar horas lendo um documento na tela do computador gastando energia?
Claro que a ação é, antes de tudo, uma provocação e pode neutralizar os “desperdiçadores de plantão”, mas não seria melhor investir em ações educativas – como a própria WWF costuma fazer –, talvez até para convencer as pessoas a não ter impressoras e só usar esses serviços em caso de extrema necessidade e em papelarias?
Vale lembrar, também, que arquivos digitais ocupam espaço e geram impacto ambiental (leia Armazenar não é preciso). E mais: deixando de lado razões ambientais, trata-se de um movimento que tira a liberdade de escolha do destinatário e isso é, no mínimo, discutível.
Nem todos os usuários de internet são adeptos da impressão e há, realmente, quem só imprima por necessidade. Isso sem contar que existe gente com limitações visuais para ler na tela por muito tempo. Radicalizar, portanto, não parece a melhor solução. E nem conduzirá a sociedade no caminho da sustentabilidade. Agora, responda, você gostaria de receber um arquivo com essa extensão limitante?
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