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As melhores e as piores séries – para você não perder tempo entre o primeiro episódio e o final da temporada. Por Lucas Pasqual
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O que você vê quando ninguém está vendo?

Por Lucas Pasqual Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 21 dez 2016, 08h49 - Publicado em 25 ago 2016, 18h49

Dia desses eu conversava com um amigo sobre o walk and talk de The West Wing e como essa técnica está presente em quase todas as séries comandadas por Aaron Sorkin – a mente brilhante por trás de Studio 60 e o cara que errou a mão em The Newsroom. Se você não conhece, explico: walk and talk é uma forma de storytelling em que dois ou mais personagens conversam enquanto caminham. A magia dessa técnica está na combinação entre diálogo e movimento de câmera; ela geralmente funciona para enfatizar quão ocupados e sobrecarregados estão os personagens. Eis o melhor exemplo:

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=il-DowDFDo4?feature=oembed&w=474&h=356%5D

São quase três minutos sem cortes ou pausas; os personagens que começam a ação não são os mesmos que a terminam; enfim, técnica primorosa. Enquanto meu amigo e eu conversávamos, lembrei imediatamente desta cena. “Você já viu tanta coisa boa, preciso de dicas”, ele diz, meio embasbacado, depois que eu a menciono. O ego é levemente inflado. Abro um sorriso para falar qualquer mentira fingindo humildade, mas a mente age mais rapidamente e puxa isto da memória:

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=snKrd8_PVcs?feature=oembed&w=474&h=267%5D

Não é necessariamente walk and talk; a moça está cantando, olhando diretamente para a câmera, as outras personagens são apenas apoio para que a principal possa brilhar… é uma performance, na verdade. Fiquei chateado comigo mesmo por fazer uma conexão entre as duas cenas. Depois desse lampejo, a consciência voltou. Agradeci meu amigo, prometi uma lista de séries imperdíveis e fui embora.

Desde então, não consigo parar de pensar que menti. Omiti, ao menos. “Você já viu tanta coisa boa”. A resposta não deveria ser um obrigado amarelado. O certo seria dizer que também vejo muita porcaria. Confesso: escrevi “a moça está cantando” ali em cima, mas sei que o nome dela é Tina Cohen-Chang, que ela não tinha seu momento de cantoria havia vários episódios, que o motivo desencadeador de toda a ação é sua paixão platônica pelo melhor amigo gay, e que ao final da música ela é escolhida a vencedora do desafio semanal. Sei disso tudo porque acompanho essa série. Eu assisto Glee.

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Quer dizer, assistia. Quando ainda existia. A sexta e última temporada acabou em 2015. Chorei no final. Se meu histórico de visualizações no YouTube fosse público, todos poderiam ver que o vídeo campeão é um cover de Glee. Ainda há outras três músicas no top 10. Mas eu mantenho esse registro privado. Ninguém pode saber que eu vejo uma série adolescente musical, a não ser que eu revele o segredo bombástico.

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Glee é exemplo perfeito de tudo que pode dar errado em um programa de tevê. Narrativa absurda e repetitiva, falta de coerência entre as histórias, incongruência nos plots, personagens clichês e sem personalidades definidas, momentos com causas panfletárias, sentimentalismo barato. Há atuações medíocres e gente desafinada. Eu sei de tudo isso, entendo todos os defeitos e tremo por dentro com qualquer novo desastre. Mas assisti. Todos os episódios. Porque quis. Porque gosto.

O que há de errado nisso, afinal? Nem todo drama será Breaking Bad; nem toda comédia será 30 Rock. Tem muita coisa ruim aí no meio, e Glee é mais uma delas. Eu vi True Blood e a última temporada de Scrubs e sobrevivi. Amo Six Feet Under, mas é RuPaul’s Drag Race que está na lista de favoritas. Nunca dei e nunca darei uma chance a Gossip Girl, mas sei reproduzir algumas falas de Dawson’s Creek sem consultar o IMDB. Vi três episódios de Penny Dreadful e fiquei com medo de dormir sozinho, e então assisti a meia hora de Glee e fui para a cama cantarolando uma musiquinha boba.

Então, ao meu caro amigo lá do começo, caso você esteja lendo:

Se você nunca viu The West Wing, assista. É a melhor série política que já produziram. Caso você prefira House of Cards, não tem problema: assista. Quer algo mais curto? Vamos com Political Animals – assista. Pode ser que você esteja procurando uma comédia; neste caso, Veep é a melhor aposta (assista). Para um fã de tramas novelescas, a dica é Scandal. Sim, assista. Mas se o tema não agrada, para que forçar? Gosto não se discute e todo mundo já viu Malhação. Assista ao que bem entender.

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