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Retrospectiva SUPER 2014: 10 grandes momentos da ciência

Por Redação Super
Atualizado em 21 dez 2016, 10h13 - Publicado em 17 dez 2014, 16h10

Por Reinaldo José Lopes

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1. É nóis, Rosetta

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Crédito da imagem: ESA

Não tem pra ninguém: o momento científico mais emocionante de 2014 foi, disparado, a manobra da espaçonave não tripulada europeia Rosetta, no dia 12 de novembro. Após uma jornada de mais de dez anos pelo Sistema Solar, a Rosetta conseguiu fazer com que o módulo Philae, trazido por ela, pousasse na superfície do cometa 67P/Churyumov Gerasimenko – o primeiro artefato feito pelas mãos do ser humano a realizar semelhante façanha. Coisa linda.

O Philae funcionou por apenas 64 horas, porque seu sistema de “ancoramento” no cometa deu pau, levando o módulo a ir quicando até parar numa área escura do astro (e aí seus painéis solares ficaram sem luz). Mas já foi o suficiente para recolher uma série de dados que devem ajudar os astrônomos a entender como o Sistema Solar nasceu, e mesmo se a água tão abundante na Terra de hoje teria sido um “presente” dos cometas que trombaram por aqui há bilhões de anos. E pode ser que o show não tenha terminado ainda: os cientistas da Agência Espacial Europeia têm esperança de que, no ano que vem, quando o cometa se aproximar mais do Sol, a Philae ressuscite.

 

2. Indianos são de Marte

Crédito da imagem: Indian Space Research Organisation
Crédito da imagem: Indian Space Research Organisation

E, por falar em espaço, este ano também viu o aparecimento de uma nova potência espacial no planeta: a Índia. Essa é a única conclusão possível que a gente pode tirar da façanha indiana de colocar uma sonda não tripulada em órbita de Marte, a Mangalyaan, que chegou ao planeta em 24 de setembro.

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Não é pouca coisa, acredite. Mesmo nas últimas décadas, quando jipinhos-robôs parecem estar por toda parte no solo marciano, o fato é que continua sendo muito, muito difícil chegar a Marte em segurança – cerca de metade das naves enviadas para lá até hoje bateram as botas. Se alguém duvidava que os gigantes emergentes podem estar na vanguarda da exploração espacial neste século, essa é a prova de que a Índia, a exemplo da China, entrou na briga para valer.

 

3. Glória…

Crédito da imagem: GettyImages
Crédito da imagem: GettyImages

Se tudo der certo, a equipe liderada pela oftalmologista Masayo Takahashi, do Centro Riken de Biologia do Desenvolvimento, no Japão, fez história em 12 de setembro deste ano. Eles realizaram o primeiro transplante de células iPS (sigla inglesa de “células pluripotentes induzidas”) para tentar tratar uma doença ocular em seres humanos.

As iPS, que são um tipo de célula-tronco, representam uma enorme esperança e, ao mesmo tempo, contornam um desafio ético. É que, para obtê-las, basta fazer ligeiras modificações genéticas numa amostra de células do próprio paciente que vai ser tratado – da pele ou da mucosa da boca, por exemplo. Essas alterações fazem com que as células de uma pessoa adulta adquiram características meio “Peter Pan”: passam a se comportar como células de embrião, com a capacidade de assumir as funções de qualquer parte do organismo, como músculos ou neurônios.

Como são tiradas da própria pessoa que vai ser tratada, não trazem risco de rejeição, em tese. Além disso, não é preciso destruir embriões para obtê-las – o que, para muita gente, tornaria o uso de células-tronco embrionárias algo antiético. Os primeiros pacientes que receberam as células iPS no Japão passam bem, mas ainda é cedo para avaliar a eficácia da técnica.

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4. … e tragédia das células-tronco

Infelizmente, nem tudo caminhou bem nessa área de pesquisa no ano que passou. A comunidade científica ficou chocada, em agosto, com o suicídio de um colega de Takahashi, o pesquisador Yoshiki Sasai, que se enforcou. O motivo aparente: Sasai era coautor de uma pesquisa feita por sua aluna, Haruko Obokata, no qual estava descrito um método aparentemente revolucionário para produzir células-tronco parecidas com as iPS. O estudo, porém, era uma fraude.

O método envolvia simplesmente aumentar um pouco a acidez do meio onde as células estavam sendo cultivadas. Pesquisadores ao redor do mundo, no entanto, não conseguiram reproduzir os resultados da equipe japonesa, o que levou à descoberta da fraude.

 

5. Nobel matemático é do Brasil-sil-sil

Crédito da imagem: Katrin Breithaupt/Wikimedia Commons
Crédito da imagem: Katrin Breithaupt/Wikimedia Commons

Artur Avila Cordeiro de Melo é o nome da fera. Em 12 de agosto, o matemático brasileiro de 35 anos, que trabalha no Impa (Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada), tornou-se o primeiro brazuca – e latino-americano – a ganhar a Medalha Fields, considerado o Nobel da matemática (o Nobel “de verdade” não premia essa área de pesquisa). Ele conquistou o prêmio graças a seus trabalhos envolvendo a descrição matemática de sistemas dinâmicos caóticos, criando ferramentas que ajudam a entender de um jeito quantitativo fenômenos como o clima ou o avanço de uma epidemia.

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6. Ataque dos insetos robôs

Crédito da imagem: Reprodução/SSR Lab Harvard
Crédito da imagem: Reprodução/SSR Lab Harvard

Abram alas para os Kilobots. Não, não são os novos inimigos do Optimus Prime, mas um grupo de 1.024 robozinhos de apenas alguns centímetros de comprimento desenvolvidos por Radhika Nagpal e seus colegas da Universidade Harvard, nos EUA. São, para todos os efeitos, insetos-robôs que se comportam como um enxame, comunicando-se entre si por meio de sinais infravermelhos. E eles conseguem fazer uma série de formas geométricas de forma coordenada. Para muitos especialistas, esse é o futuro da robótica: inteligência “distribuída”, ou seja, vários pequenos robozinhos que, isolados, são “burros”, mas cujo trabalho coordenado poderia ajudar numa série de tarefas complexas.

 

7. Erros na equação do Universo

Crédito da imagem: Thinkstock
Crédito da imagem: Thinkstock

Tudo começou em março, quando cientistas do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, nos EUA, anunciaram o que, na área deles, soava quase como a descoberta do Santo Graal: a detecção de ondas gravitacionais (pois é, ondas equivalentes à ação da força da gravidade) que teriam alterado ligeiramente a estrutura do Universo quando ele ainda era um bebê de “apenas” 300 mil anos de idade (hoje ele tem quase 14 bilhões de anos). Essas pequenas “torcidas” na estrutura cósmica seriam sinal da ocorrência da chamada inflação cosmológica, um crescimento loucamente rápido do Universo em seus primórdios que explicaria, entre outras coisas, o porquê de o Cosmos ser tão homogêneo hoje.

Os autores da descoberta logo foram catapultados à posição de candidatos ao Nobel de física, mas David Spergel, da Universidade de Princeton, não demorou muito para identificar o que pareciam ser alguns erros sérios nas contas do pessoal – o que poderia reduzir a presença das ondas a ruídos causados pelos aparelhos usados na pesquisa. A discussão ainda deve ir longe, mas é sempre bacana ver como a ciência consegue corrigir a si mesma.

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8. Cromossomos felizes

Crédito da imagem: Thinkstock
Crédito da imagem: Thinkstock

Ainda não é a mesma coisa que “criar vida num tubo de ensaio”, mas chega assustadoramente perto disso. No dia 28 de março, a equipe de Jef Boeke, da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, anunciou a criação do primeiro cromossomo complexo totalmente artificial, montado pelos pesquisadores como quem monta uma casinha de Lego.

Cromossomos são as estruturas enroladas, tipo um gigantesco novelo de linha, que abrigam o DNA, com quase todas as instruções necessárias para a construção de um ser vivo. Boeke e companhia foram os primeiros a sintetizar totalmente um cromossomo do tipo eucarionte, ou seja, do tipo que pertence a organismos complexos, como animais, plantas e nós. (Bactérias também têm cromossomos, mas os delas são bem mais toscos.)

Não por acaso, esse primeiro cromossomo sintético foi inserido no genoma da levedura Saccharomyces cerevisiae, micro-organismo que transforma o açúcar da cana em álcool e também é usada numa série de outros processos industriais. A ideia é fazer com que os micróbios trabalhem para a gente com eficiência cada vez maior, fabricando plástico, por exemplo.

 

9. Nova arma anticâncer

O nome, para variar, é complicado – inibidores de PD-1 –, mas o conceito é simples: fazer com que as células de defesa do organismo humano se fortaleçam para contra-atacar um tumor. Em julho deste ano, o primeiro medicamento dessa nova classe de remédios, o nivolumabe, foi aprovado para uso comercial no Japão, e dois meses depois outro parecido chegou ao mercado nos EUA. O câncer é uma doença complicada – na verdade, muitas doenças em uma –, mas os novos medicamentos parecem um bocado promissores.

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10. Passarinho, que som é esse?

Crédito da imagem: Thinkstock
Crédito da imagem: Thinkstock

“Cérebro de passarinho” não é só mais xingamento estilo 5ª série. Uma análise gigantesca do genoma de quase 50 espécies de aves, em especial das que cantam de um jeito complexo, que os filhotes precisam aprender com os pais, mostrou que vários dos mesmos genes que estão ativos nas regiões do cérebro humano ligadas à fala também ficam ligados nas aves mais “cantoras”. Ou seja: um ótimo jeito de tentar entender a evolução da fala provavelmente é estudar o canto dos pássaros.

A pesquisa, que foi coordenada pela Universidade Duke, no sul dos EUA, também teve participação de brasileiros da UFRJ e da UFPA e fez uma gigantesca árvore genealógica das espécies de aves atuais. Algumas surpresas das análises de DNA: papagaios são primos relativamente próximos dos sabiás; a primeira ave moderna provavelmente era um predador de porte grande, como a seriema; e as aves ainda possuem genes para “fabricar” dentes, como seus ancestrais dinos, só que eles foram inativados por mutações.

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