Lei essencial do universo, a Teoria do Caos afirma que uma simples mudança (tão singela quanto o bater de asas de uma borboleta) pode afetar drasticamente uma sucessão de fatos futuros, num efeito cascata com consequências imprevisíveis. Esses eventos, em função da sua imprevisibilidade, podem ser caóticos.

Trata-se portanto da base perfeita para uma boa ficção científica. Aqui estão alguns exemplos clássicos e outros que talvez você não conheça.

1) Efeito Borboleta

Evan Treborn (Ashton Kutcher) é um jovem que luta para esquecer eventos traumáticos que aconteceram na sua vida entre a infância e adolescência. Quando criança, ele sofria vários apagões em momentos de alto estresse e acabava esquecendo as coisas que fazia. Para solucionar esse problema, foi recomendado que ele passasse a escrever em um diário sobre seu dia – ou pelo menos, a parte que ele lembrava.

Depois de sete anos, já melhor de seus apagões, Evan, ao folhear seus antigos diários, percebe que, ao ler trechos do texto, consegue voltar ao exato momento em que aquilo havia acontecido. Com essa chance em mãos, ele começa a voltar ao passado e mudar pequenas coisas que – conforme ele percebe depois – acabam mudando drasticamente todo o futuro.

Sempre que Evan tentava consertar o passado, o seu futuro e/ou de pessoas ao seu redor são totalmente afetados. As mudanças feitas trazem consequências inesperadas, o que leva o rapaz a perceber que só existe uma solução para que todos os envolvidos tenham um fim satisfatório.

2) Donnie Darko

Se há algo que permeia Donnie Darko são as teorias. E o caos. Por vezes, especificamente a teoria do caos. Salvo da morte por um coelho, Frank (um dos personagens mais assustadores que já vimos no cinema), Donnie é cúmplice dos intuitos destrutivos e caóticos de seu “guru”, num emaranhado de sequências e quebra-cabeças fascinante.

Em teoria, Donnie Darko precisa salvar o mundo jogando um motor de avião de volta ao universo físico por meio de um portal. Ele é o “escolhido” para fazer isso e tem a ajuda de outras pessoas, inclusive Frank, que sabe de tudo sobre a missão de Donnie e está lá para ajudá-lo.
Tudo que Donnie faz tem influência direta no universo em que o filme acontece e também no universo normal, aquele que Donnie precisa salvar (mesmo que ele não saiba disso, a princípio). Daí a necessidade dele ser guiado. No entanto, o filme não se limita a isso, construindo uma narrativa metafísica, filosófica e existencial.

3) Trilogia De Volta Para o Futuro

Marty McFly (Michael J. Fox) é um garoto normal de Hill Valley. Porém, tudo muda quando ele decide se encontrar com o seu amigo cientista Dr. Emmett Brown (Christopher Lloyd). “Doc”, como é conhecido o cientista, revela que modificou um carro DeLorean para que ele passe a ser uma máquina do tempo. O combustível é o plutônio que Doc roubou ao enganar um grupo de terroristas líbios.

Após fazer um teste com o seu cachorro, Doc se prepara para viajar quando é surpreendido pelo grupo de terroristas que o matam. Na tentativa de se defender, Marty acaba ativando o capacitor de fluxo do carro e se transporta para o dia 5 de novembro de 1955, data que Doc havia colocado para o teste.

O problema é que, ao voltar ao passado, Marty sem querer acaba evitando que seus pais se conheçam. Isso significa que ele nunca irá nascer e será apagado da existência. Portanto, Marty precisa compensar esse fato realizando outras alterações no passado para que o futuro saia como planejado. No fim do filme, vemos como as atitudes de Marty influenciaram e mudaram o futuro. É puro efeito borboleta!

No segundo e terceiro filmes, vemos Marty lidando com as alterações feitas no passado, visitando assim o futuro e o Velho Oeste, respectivamente.

4) Sr. Ninguém

A ficção científica está sempre se superando na era tecnológica do século 21 e Sr. Ninguém é um exemplo disso. Pouco antes de ganhar o Oscar, Jared Leto encarnou mais um difícil personagem, o filosófico Nemo, homem banal que, de repente, acorda em 2096 com 120 anos numa sociedade de imortais em que ele é o único mortal. Mas o que incomoda Nemo é: ele tomou as decisões corretas em vida?

Embasado no paradoxo da escolha e na teoria do caos, o perspicaz diretor e roteirista Jaco von Dormael desenvolve muito bem um personagem complexo e existencialista, propondo diversas reflexões sobre o poder de decisões na vida e da consequência dos atos. A seguinte citação é marcante: “Você tem que fazer a escolha certa. Enquanto você não escolhe, tudo permanece possível.”

5) Questão de Tempo

Quando Tim (Domhnall Gleeson) completa 21 anos, é revelado a ele que todos os homens de sua família pertencem a uma linha de viajantes no tempo. Tim fica cético quando seu pai (Bill Nighy) conta a novidade, mas, logo depois, cede e faz o teste sobre a veracidade daquela informação. Tudo que ele precisava fazer era ir a um lugar escuro, fechar os olhos e se concentrar sobre qual período de tempo e local desejava ir.

Quando Tim vê que o seu pai estava falando a verdade, ele começa a usar seus dons para encontrar e fazer dar certo seus relacionamentos amorosos. Isso inclui, por exemplo, providenciar para que ele encontre Mary (Rachel McAdams) e ela se apaixone por ele. Porém toda vez que volta ao passado para fazer uma mudança, ele percebe que, mesmo obtendo o que queria, houve também mudanças não desejadas e inconvenientes. Algumas delas fazem Tim repensar suas decisões.

Diferente de outros filmes nesta lista, Questão de Tempo é uma comédia romântica leve e divertida. Prova de que o tema da teoria do caos não está limitado ao sci-fi.

6) Corra, Lola, Corra

O alemão Tom Tykwer assina esse filme com dois de seus atributos mais interessantes: a excentricidade ao narrar histórias e a trama criminosa. O diretor de Perfume e A Viagem – este último ao lado dos loucos irmãos Wachowski, diretores de “Matrix” – traz uma trama em que Manni, integrante de uma gangue, perde uma grande quantia de dinheiro e pede para sua namorada Lola ajudá-lo a recuperar. É quando a protagonista corre contra o tempo para arranjar a grana. De três modos diversos.

Sim, três modos diversos. A cada vez que algo dá errado com Lola, a história recomeça e a garota faz algo diferente. Mas os efeitos nem sempre são os que ela previu. A trama brinca com as casualidades do cotidiano, explorando o conceito de teoria do caos em 1h20 de pura adrenalina e ação de alto nível.

7) Homem do Futuro

Zero (Wagner Moura) é um físico excepcional que dirige um dos maiores projetos científicos do Brasil. Em 2011, quando se encontra à beira de ser retirado do seu posto, ele decide, com a ajuda de seu melhor amigo Ótavio (Fernando Ceylão), reativar uma antiga máquina inacabada que desenvolveu para produzir energia sustentável.

Para sua surpresa, Zero acaba parando na festa da faculdade em 1991, quando foi humilhado em público pela sua própria namorada, Helena (Alinne Moraes). Traumatizado e já sabendo o que iria ocorrer, ele vê a oportunidade de fazer as coisas de modo diferente.

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