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500 anos depois, cientistas descobrem o que matou os Astecas

Ninguém sabia se era sarampo, caxumba, varíola... Mas agora exames de DNA revelam a doença que dizimou 80% dos astecas.

Por Lucas Baranyi
Atualizado em 17 jan 2018, 13h35 - Publicado em 16 jan 2018, 15h44

Durante quase quinhentos anos, a ciência tentou entender exatamente o que dizimou a população asteca, o povo indígena que morava no México antes da invasão dos europeus. Havia várias teorias para a epidemia, conhecida apenas por ‘cocoliztli’ – ‘pestilência’, na língua náuatle – poderia ser varíola, sarampo, caxumba e até mesmo gripe. Mas, finalmente, a verdadeira culpada foi encontrada por cientistas alemães: febre entérica – também conhecida como febre tifoide.

Causada por uma variedade da bactéria salmonela, a febre tifoide matou 15 milhões de astecas em 5 anos, entre 1545 e 1550 – o correspondente a 80% da população. Ashild Vagene, co-autor do estudo publicado no periódico científico Nature Ecology and Evolution, explicou ao jornal inglês The Guardian que a cocoliztli não foi, porém, a única praga que atingiu a região na época. “A cocoliztli de 1545-50 foi uma das muitas epidemias que afetaram o México depois da chegada dos europeus”, afirmou.

Violenta, a tifoide doença mata em cerca de três ou quatro dias – após causar febres altas, dores de cabeça e sangramento dos olhos, boca e nariz. Esse surto é considerado um dos mais mortais da história da humanidade, chegando perto da Peste Negra, que tirou 25 milhões de vida no oeste da Europa durante o século XIV.

A descoberta veio após a extração de DNA de 29 esqueletos enterrados em um cemitério da época da cocoliztli; neles, os cientistas descobriram traços da bactérica salmonela entérica – que não só causa a febre entérica como também estava presente na Europa na mesma época.

O outro co-autor do estudo, Alexander Herbig, também explicou a conclusão da descoberta. “Nós testamos todos os patógenos de bactérias e vírus disponíveis, e a salmonela entérica foi o único germe detectado”

É possível, porém, que outros patógenos tenham passado despercebidos ou sejam completamente desconhecidos. Ainda assim, agora é possível confirmar – de uma vez por todas – que o grande azar dos astecas foi justamente ter sido encontrados pelos espanhóis.

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