A maior biblioteca do gênero no mundo
A coleção de cérebros que ajuda a decifrar o que acontece na cabeça dos idosos.
Eloisa Deveze
Você pode colecionar selos ou moedas, mas se o seu objetivo é saber como a mente funciona, o ideal é juntar um bocado de cérebros. Foi o que fez a neuropatologista Lea Grinberg e uma equipe da faculdade de medicina do Hospital das Clínicas de São Paulo. Desde abril de 2004, ela juntou mais de 1 200 cérebros congelados de pacientes acima de 50 anos. Recebendo entre 80 e 120 órgãos por mês, ela caminha para se tornar a maior biblioteca do gênero no mundo. Metade é de pessoas que sofriam de doenças cerebrais, metade são órgãos sadios. Comparando um grupo com o outro e cruzando com dados fornecidos por familiares sobre a psicologia de cada paciente, eles querem elaborar o mais completo perfil epidemiológico já feito sobre males cerebrais. “Queremos saber quando doenças cerebrais se manifestam no cérebro para diagnosticá-las precocemente”, diz Lea. Junto com outros setores da universidade, eles pretendem ir além e detectar a influência de metais em demências ou pesquisar o papel dos genes nesse tipo de doença. Uma vez que você reúne um material desse porte, não há limite para as pesquisas que podem ser feitas.