A missão que vai bombardear a Lua
Nasa prepara um ataque radical; tudo para ver se existe água por lá
Tarso Araújo
Quando o homem voltar à Lua, onde não pisa há 36 anos, será para ficar: o plano da Nasa é criar uma base permanente. Mas, para que esse sonho vire realidade, é fundamental saber se existe ou não água por lá. A dúvida pode estar prestes a ser resolvida, e da maneira mais cinematográfica possível. Em abril, parte da Terra uma missão com um objetivo radical: bombardear a Lua para saber se existe água congelada sob a superfície dela. O alvo será uma cratera em um dos polos da Lua, onde há grande concentração de hidrogênio, indício da existência de água.
O bombardeio é necessário porque, como as crateras lunares são profundas e ficam num ângulo desfavorável em relação ao Sol, elas estão sempre na sombra. Por isso, os robozinhos que exploraram Marte não podem ajudar desta vez. Como eles são movidos a energia solar, não conseguiriam recarregar suas baterias – e congelariam no frio de 180 graus negativos. A missão vai pegar carona em outro lançamento, de um satélite que vai fotografar a Lua. Isso faz com que ela seja demorada (é possível chegar à Lua em 3 dias, mas a missão vai levar quase 3 meses), mas reduz os custos. A nave Phoenix Mars Lander, que descobriu água em Marte, custou US$ 550 milhões. Já a nova missão, que se chama LCROSS (Lunar Crater Observation and Sensing Satellite), custou só US$ 79 milhões e usa peças recicladas de outras naves. “É um franken-satélite”, diz o engenheiro Stephen Hixson. Segundo a Nasa, a Lua não terá sua órbita alterada pela explosão, cujo objetivo é levantar uma nuvem de poeira e, quem sabe, água – o impacto será visível da Terra e também fotografado por uma nave espacial (veja no infográfico).
Camicase
Foguete vai bater a 9 mil km/h na superfície lunar
1. O lançamento
Um foguete Atlas, que pesa 546 t, vai decolar da Flórida levando consigo a nave LCROSS (Lunar Crater Observation and Sensing Satellite) e um módulo chamado Centauro.
2. A separação
Logo após o lançamento, o foguete se separa e cai no mar. A nave LCROSS permanece conectada ao Centauro e segue sua longa viagem à Lua.
3. A aproximação
A cerca de 47 mil km da Lua, a LCROSS ajusta sua posição para mirar exatamente o ponto do impacto. Ela solta o Centauro e dá uma leve desacelerada usando seu sistema de retropropulsão.
4. O impacto
O Centauro atinge a Lua. Isso provoca uma explosão fortíssima, que resulta num buraco de 20 m de largura e levanta uma nuvem de poeira com 250 t de crosta lunar.
5. A foto
A explosão é fotografada pela nave LCROSS, que envia os dados para análise na Terra. Se o clarão tiver um contorno branco, é porque existe água na Lua (veja exemplo acima). Logo depois, a própria LCROSS bate na Lua, provocando um segundo impacto – que poderá ser visto da Terra com telescópios amadores.