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A simples arte de matar

Quem disse que força não combina com inteligência?

Por Rafael Kenski
Atualizado em 31 out 2016, 18h33 - Publicado em 30 abr 2001, 22h00

Quem disse que força não combina com inteligência? Estudos feitos na Universidade de Kyoto, no Japão, mostram que os animais, na hora de caçar, se transformam em matemáticos habilidosos. A maioria dos predadores – sejam aranhas, peixes, leopardos ou leões – decide a que distância atacar por meio de uma regra simples, mas que envolveria, no papel, equações muito complexas. Isso porque, a cada passo, eles calculam se a vantagem de se aproximar da vítima é maior do que o risco de perder o elemento surpresa. Quando o perigo de ter sua presença notada já não supera a vantagem de chegar mais perto, o predador ataca. “Essa regra é um mecanismo fisiológico que visa obter o máximo de chance de sucesso para qualquer tipo de terreno ou de presa”, afirma Shigeo Yachi, autor da pesquisa. O modelo, no entanto, não vale para animais como hienas e lobos, pois o modo como caçam não depende do elemento surpresa. “Em compensação, podemos dizer que o ser humano, no papel de caçador, faria o mesmo.

Ele também ficaria avaliando a distância exata em que revelar sua presença já não compromete a eficácia do ataque”, diz Yachi.

Se correr, o bicho pega

A estratégia da leoa tarda, mas não falha

Ao avistar a zebra, a leoa vai se aproximando lentamente. A cada passo, a chance de ser percebida aumenta, mas cresce também a possibilidade de sucesso na hora de dar o bote

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A cerca de 15 metros da vítima, a probabilidade de perder o elemento surpresa passa a ser maior do que a vantagem de atacar em posição mais próxima. Só resta à leoa partir para cima

 

As leoas atingem uma velocidade máxima de cerca de 56 km/h, mas, uma vez alertadas, as zebras correm muito mais, entre 60 e 70 km/h. Por esse motivo o elemento surpresa é tão importante

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Se a leoa não alcançar a presa em poucas centenas de metros, ela desiste da caça e o processo começa de novo. Mas se estiver próxima da presa, um ataque no lombo ou no pescoço garante o almoço

Álgebra assassina

Por trás dessa força bruta está uma aula de matemática. Cada passo da leoa na caça à presa obedeceu à seguinte equação:

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f(x) = -p·(x) – (1-s) p(x) q(x),

 

Onde -p·(x) representa a vantagem de se aproximar

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e – (1-s) p(x) q(x) indica o risco de perder o elemento surpresa.

 

Quando f (x) = 0, a leoa ataca.

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Simples, não?

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