Ingrid Tavares
Porque resgatar falcões na cidade?
Pontes e arranha-céus são parecidos com os altos penhascos onde os falcões costumam fazer ninhos. Mas são perigosos para os primeiros vôos dos filhotes, devido às correntes de ar. Os filhotes brigam contra as correntes e, muitas vezes, acabam atropelados por carros ou afogados no mar.
As aves selvagens correm menos riscos ambientais que as urbanas?
Não. As áreas selvagens de toda a costa californiana possuem um alto nível do pesticida DDT e, por isso, só a partir da segunda ninhada é que os filhotes sobrevivem. A maioria das aves urbanas não foram tão expostas ao DDT. Entretanto, a preservação da espécie fica ameaçada se, por causa dos ventos, os filhotes não conseguem sobreviver aos primeiros vôos.
Qual é a parte mais perigosa de seu trabalho?
O maior desafio é o falcão. As aves urbanas estão acostumadas com as pessoas e têm, portanto, menos medo delas. Para defender seus filhotes, não hesitam em atingi-lo com suas garras em alta velocidade. No penhasco, o problema são as rochas soltas que podem cair sobre as cordas do rapel. Mas a parte mais perigosa é dirigir pelas estradas da Califórnia. Isso, sim, é loucura!
O que o estimula a correr esses riscos?
Minha atração pela ciência sempre foi estudar os animais em seu habitat natural em vez de ficar no laboratório. Gosto de fazer observações e recolher amostras, de colocar a mão na massa. Achei um jeito de ganhar a vida trabalhando com as aves pelas quais fui apaixonado desde a infância.
Brian Latta
Desde 1990, coordena o Grupo de Pesquisa de Aves de Rapina da Universidade da Califórnia, em Santa Cruz, EUA. Fez mais de 400 escaladas em prédios, pontes e penhascos para resgatar filhotes de falcões-peregrinos. Seu trabalho tirou a ave da lista de espécies em extinção.