A física dinamarquesa Lene Vestergaard Hau, do Instituto de Ciências Rowland, em Cambridge, nos Estados Unidos, conseguiu dar um breque radical num raio luminoso usando um sistema inédito. Ela fez a luz atravessar uma espécie de gás descoberto pelo alemão Albert Einstein em 1909. Trata-se do condensado de Bose-Einstein, ou o quinto estado da matéria, ao lado dos sólidos, dos líquidos, dos gases e do plasma. Com isso, reduziu sua velocidade 18 milhões de vezes (veja ao lado). Mas não é só isso: o condensado também pode mudar a cara da luz. É capaz de fazê-la virar raios infravermelhos, que representam calor, ou, ao contrário, transforma esses raios em claridade visível. Hoje, os binóculos usados para ver no escuro captam radiação infravermelha vinda dos objetos. O achado de Einstein promete fazer a mesma coisa com eficiência muito maior. “Ele pode ser usado até em óculos para enxergar à noite”, diz Lene.
Freada brusca
Veja como a luz pode caminhar 18 milhões de vezes mais devagar.
1. Um raio luminoso viaja pelo vazio a cerca de 1 bilhão de quilômetros por hora. Na água, ela tem de empurrar os átomos para passar.
2. Aí, sofre um desvio e dá uma brecada violenta. A velocidade cai para a marca dos 750 milhões de quilômetros por hora.
3. A novidade é o condensado de Bose-Einstein – um grupo de átomos ultra-resfriados e tão grudados uns aos outros que a luz freia para ínfimos 60 quilômetros por hora.