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Agulhas de tatuagem podem injetar metais pesados no organismo, diz estudo

Cientistas encontraram cromo e níquel nos gânglios linfáticos de pessoas tatuadas e concluiram que o problema está nas agulhas — e numa cor específica de tinta

Por A. J. Oliveira
Atualizado em 28 ago 2019, 17h00 - Publicado em 28 ago 2019, 16h51

Há milênios, a humanidade tem verdadeiro fascínio pela tatuagem. Bem antes dos hipsters modernos, povos antigos como os egípcios e os vikings já eram adeptos da arte de injetar tinta embaixo da pele com agulhas, para fins ritualísticos ou meramente estéticos. Mas cientistas acabam de dar uma notícia potencialmente preocupante a quem já fez tattoo.

Pesquisadores da Alemanha, da França e da Bélgica constataram que o revestimento das agulhas de tatuagem pode liberar metais que penetram no organismo. Tudo começou no ano passado, quando eles fizeram uma pesquisa para entender melhor como as tintas afetavam o corpo. Em sua maioria, as partículas de tinta são grandes demais para que o sistema imunológico as ataque e quebre. Mas algumas chegam a ser removidas pelos glóbulos brancos e vão parar no sistema linfático.

Esses vasos drenam a linfa, líquido que sai do sangue e banha as células, e também cumprem um papel importante na defesa do organismo. São os gânglios linfáticos (aqueles que você sente embaixo do pescoço quando está doente) que filtram a linfa e nos protegem de infecções. Os cientistas encontraram metais pesados nos gânglios de pessoas tatuadas, e investigavam para entender o porquê.

A princípio, pensaram que os traços de ferro, cromo e níquel que encontraram tivessem relação com alguma das tintas, por isso testaram cerca de 50 tipos diferentes para descobrir qual era a fonte. Eles também se certificaram que não haviam contaminado as amostras de nenhuma maneira durante a preparação. “Então pensamos em testar a agulha e foi o nosso momento ‘eureka'”, diz Ines Schreiver, do Instituto Federal Alemão de Avaliação de Riscos.

Na agulha, há entre 6% e 8% de níquel e de 15% a 20% de cromo, metais pesados que podem causar reação alérgica. Resultados indicam que um composto específico usado em algumas tintas, o dióxido de titânio, acaba “raspando” boa parte do revestimento da agulha, fazendo com que nanopartículas dos elementos tóxicos sejam liberadas no organismo. O estudo foi publicado nesta terça (27) no periódico Particle and Fibre Toxicology.

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O efeito é causado pelo pigmento branco, usado para clarear cores brilhantes como o verde, o azul e o vermelho. Ele contém o dióxido de titânio, que desgasta a agulha. Testes em pele de porco mostraram que as tintas de outras cores não causam desgaste da agulha. O problema está mesmo na cor branca. 

Ainda não se sabe ao certo se isso pode causar danos à saúde — será preciso fazer pesquisas mais aprofundadas. “São efeitos que só podem ser medidos em estudos epidemiológicos de longa duração, que monitoram a saúde de milhares de pessoas ao longo de décadas”, explica Schreiver. Na dúvida, a opção mais segura na hora de fazer uma tatuagem é ser criterioso na escolha do tatuador e perguntar sobre as tintas que ele usa. 

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