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Alexa e cia poderão detectar parada cardíaca do dono, e chamar ajuda

Pesquisadores desenvolvem um algoritmo que permite a assistentes pessoais captar o som característico de um ataque no coração.

Por André Jorge de Oliveira
Atualizado em 20 jun 2019, 17h19 - Publicado em 20 jun 2019, 17h13

Paradas cardíacas são uma das principais causas de morte no Brasil. Dados da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo estimam 720 ocorrências por dia pelo país, com um total de 300 mil ao ano. No mundo, são 17,5 milhões de casos anuais. Primeiros socorros imediatos dobram ou triplicam a chance de sobrevivência, mas nem sempre são viáveis. Na maior parte das vezes, o paciente passa pela situação na privacidade de seu quarto.

Longe do hospital e sem ninguém em casa para ajudá-lo prontamente, a morte torna-se quase inevitável. Pesquisadores da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, encontraram uma solução criativa para tentar reverter esse quadro de desamparo doméstico. Foram buscar na tecnologia a saída para salvar vidas: mais especificamente, nos assistentes virtuais como a Alexa, da Amazon, ou o Google Home.

Alto-falantes inteligentes estão cada vez mais presentes no dia a dia das pessoas, fazendo desde tarefas simples como reproduzir músicas ou ler as notícias, até mais complexas que envolvem comandar dispositivos da casa e organizar a rotina. Tudo por comando de voz. A grande sacada dos cientistas foi perceber que esses aparelhos são ótimas ferramentas para detectar o som agonizante emitido instantes antes da parada cardíaca.

Para criar o algoritmo, a equipe coletou 162 chamadas para o 911 de Seattle feitas por pessoas prestes a sofrer uma parada cardíaca.

Médicos chamam esse ruído de respiração agônica, que é aquele último suspiro dos pacientes à beira da morte em sua busca desesperada por ar. Para criar um algoritmo que consiga reconhecer esse barulho com exatidão e pedir socorro, a equipe coletou 162 chamadas para o 911 (o 190 dos EUA) de Seattle feitas por pessoas prestes a sofrer uma parada cardíaca. Essas ligações foram recebidas pelo serviço de emergência entre 2009 e 2017.

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Eles recortaram 236 trechos de 2,5 segundos de áudio que captam o início de respirações agônicas. Então retrabalharam as amostras sonoras em milhares de recortes que incluem sons comuns em uma casa, como roncos e barulhos de respiração, além dos ruídos de cães e gatos, carros e do ar condicionado. Tudo para evitar falsos positivos. Dezenas de horas de áudio foram simuladas como se o paciente estivesse em vários pontos do quarto.

E o resultado foi bastante promissor: a ferramenta conseguiu detectar o som da respiração agônica 97% das vezes, com o aparelho que emitia o som posicionado a até seis metros de distância do alto-falante inteligente. A taxa de falso positivo manteve-se baixa, em 0,14%, mostrando que o sistema é confiável. Os resultados foram publicados nesta quarta (19) no periódico npj Digital Medicine. Os pesquisadores querem comercializar a tecnologia através de uma startup e um aplicativo — em breve a Alexa deve começar a salvar vidas.

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