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Astrônomos brasileiros estão mapeando metade do céu no Hemisfério Sul

Projeto S-PLUS, que está em operação no Chile, é o maior levantamento do céu já realizado pela comunidade astronômica brasileira.

Por A. J. Oliveira
Atualizado em 10 jul 2019, 18h43 - Publicado em 9 jul 2019, 15h46

Como a Terra é um globo, as estrelas, galáxias e todos os demais objetos celestes visíveis ao sul do Equador não são os mesmos vistos ao norte.

E, por séculos, foram os países do Hemisfério Norte que concentraram a pesquisa astronômica e as iniciativas para mapear o céu. Agora, pesquisadores brasileiros querem amenizar a lacuna de dados sobre o céu do hemisfério Sul e reduzir esse desequilíbrio.

Para fazer um levantamento de quase metade do céu no Hemisfério Sul, quatro instituições de pesquisa nacionais se uniram e criaram o S-PLUS (Southern Photometric Local Universe Survey), projeto brasileiro sem precedentes que acaba de publicar seu primeiro artigo.

As observações são feitas pelo T80-Sul, um telescópio robótico com abertura de 80 centímetros instalado em Cerro Tololo, no Chile, um dos melhores lugares do mundo para a astronomia.

O objetivo é mapear em cinco anos 9,3 mil graus quadrados de céu – são cerca de 20 mil em cada hemisfério. Desde o final de 2017, quando os dados começaram a ser coletados, os cientistas já observaram uma fração de 25% do total planejado, mas boa parte dessas informações ainda estão sendo processadas. No artigo submetido ao periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society está descrita 4% da área de céu prevista.

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Mas esse foi só um gostinho do que o S-PLUS promete entregar. Neste começo, o intuito era também calibrar o equipamento. Para isso, os astrônomos miraram em uma faixa de céu chamada de Stripe-82, famosa por ter sido documentada em vários outros projetos desse tipo. Assim, dá para comparar os resultados e ter certeza de que está tudo em ordem com os métodos antes de partir para territórios celestes pouco ou nada explorados.

Além de amplo, o novo levantamento é versátil. Em suas observações, o T80-Sul usa 12 filtros diferentes para extrair o máximo de ciência possível dos objetos astronômicos que registra. É um mapeamento multicor. Cada filtro bloqueia todas as faixas do espectro eletromagnético da luz (luz visível, ultravioleta, infravermelho, etc.) que não sejam aquela de interesse do pesquisador. Dessa forma, as informações coletadas ganham precisão e detalhes — depois é só “juntar” cada pedaço para conhecer os diferentes aspectos do objeto.

Os dados do S-PLUS podem ajudar pesquisadores de diversos campos de atuação no futuro – seja para trabalhar no reconhecimento de asteroides do Sistema Solar, ou para estudar em detalhes a estrutura da Via Láctea e de outras galáxias.

A pesquisa ainda vai ajudar a identificar quasares, aglomerados de galáxias e até contribuir com estudos de ondas gravitacionais, fotografando a luz de certos eventos. O telescópio também vai observar as Nuvens de Magalhães, pequenas galáxias satélites da Via Láctea.

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Com investimentos de mais de US$ 2 milhões de agências de fomento à pesquisa brasileiras (80% da verba veio da FAPESP), o projeto é uma parceria entre o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP (IAG), o Observatório Nacional (ON), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Universidade Federal de Sergipe (UFS), além da Universidad de La Serena, do Chile. A colaboração reúne mais de 100 cientistas de mais de 50 instituições, nacionais e internacionais.

Roderik Overzier, astrofísico do ON e um dos coordenadores do S-PLUS, explicou à SUPER que o levantamento reproduz o conceito de uma iniciativa já concluída no Hemisfério Norte. “Alguns anos atrás, a professora Cláudia Mendes de Oliveira, da USP, solicitou recursos para replicar o J-PLUS no Hemisfério Sul”, disse o pesquisador holandês, que mora há seis anos no Brasil. “Assim, os dados dos dois projetos podem ser combinados no futuro.”

Oliveira diz que um instrumento como o T80-Sul, dedicado a mapeamento, é um sistema inovador para os brasileiros. “Até então, os astrônomos observacionais de nossa comunidade, em sua maioria, se dedicavam a usar telescópios clássicos, onde cada astrônomo ganhava uma parte do tempo para usar da forma que lhe aprouvesse”, explica a pesquisadora do IAG, que também coordena o projeto.

“A diferença é que este é dedicado a fazer observações homogêneas de uma grande área do céu, e o que é dividido entre os astrônomos não é o tempo de observação em si, mas os dados gerados”, afirma.

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Depois de processadas, as informações são disponibilizadas a toda a comunidade, não só aos membros do S-PLUS. É uma grande contribuição brasileira para que os céus do sul do planeta deixem de ser território inexplorado — e entrem de vez no mapa da astronomia mundial.

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