Por mais de quarenta anos, os microbiologistas afirmaram que as únicas bactérias capazes de sobreviver (e reproduzir-se) a mudanças bruscas no meio ambiente – como variações na temperatura, ou o desaparecimento de um nutriente – eram uns poucos espécimes mutantes, que sempre estão presentes num grupo qualquer de seres. Um recente estudo da Harvard School, em Boston, Estados Unidos, com a bactéria Escherichia coli, no entanto, mostra que não só um pequeno grupo de mutantes se revela capaz de sobreviver no novo ambiente – ao contrário, um bom número de bactérias normais consegue, de algum modo, adaptar-se às novas condições e transmitir a característica adquirida.
Os pesquisadores imaginam que um mecanismo molecular ainda desconhecido seja o responsável por esse processo. Ora, a ciência nega que características adquiridas possam ser transmitidas geneticamente. Na URSS de Stálin, era isso que decretava o czar da genética oficial Trofim Lysenko (1898-1976), cujos adversários perderam seus empregos, quando não a própria vida. Entende-se por isso a cautela dos pesquisadores americanos: eles dizem que sua descoberta é por demais importante para ser aceita com base em apenas dois ou três experimentos e que mais testes serão necessários.