Os bebês não nascem falando. Mesmo assim, sabem direitinho se um som tem ou não sentido. O neurologista inglês Franck Ramus, do Instituto de Neurociência Cognitiva, na Inglaterra, fez o teste gravando trechos de uma conversa em japonês e em holandês. Então, tocou a fita para bebês ingleses de 1 mês, verificando que eles passavam a mamar mais depressa – sinal de que estavam prestando atenção. Tanto que, quando a rotação do gravador foi invertida, não arrancou nenhuma reação do ouvinte. Ele sabia que era puro barulho. Não está claro de que forma os bebês reconhecem as palavras, mas uma coisa é certa: essa habilidade existe até nos filhotes de mico testados por Ramus. Eles também se mostraram atentos às frases corretas nas duas línguas, voltando a cabeça na direção da fala, enquanto ignoravam os ruídos da fita girando ao contrário. Ramus supõe que a esperteza lingüística humana tem a ver com o ritmo dos sons e possui raízes profundas. “Penso que a percepção da fala nos humanos está associada a capacidades auditivas desenvolvidas há 30 milhões de anos pelos nossos ancestrais primatas”, disse ele à SUPER.
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Já está provado, desde a década de 70, que, embora os bebês só comecem a falar por volta dos 12 meses, desde os 4 dias de idade já são capazes de distinguir as sílabas, ou, melhor dizendo, os sons correspondentes a sílabas, chamados fonemas.