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Belugas evacuadas da Ucrânia não têm o mesmo “sotaque” das espanholas

Cetáceos resgatados de Kharkiv e levados a Valência emitem sons mais parecidos com os de golfinhos – com que conviveram em sua infância e a juventude.

Por Manuela Mourão
26 ago 2024, 12h00
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  • Uma baleia de boca aberta em um oceano.
     (Steve Snodgrass / Wikimedia Commons/Reprodução)

    Recentemente, algo intrigante ocorreu no aquário L’Oceanogràfic, em Valência, na Espanha: duas belugas evacuadas da Ucrânia estão “falando” de uma maneira bem diferente das que foram criadas em águas espanholas.

    Os cetáceos recém chegados, chamados Plombir e Miranda, emitem sons que se assemelham muito mais aos dos golfinhos. Isso é porque a dupla cresceu no convívio desses mamíferos, no delfinário Nemo, em Kharkiv (cidade também chamada de Carcóvia em português).

    Conhecidas por seu habitat no Ártico e por sua testa bulbosa característica, as belugas usam vocalizações para se identificar e interagir entre si, que incluem silvos, estalos e assobios.

    Audra Ames, uma pesquisadora especializada em bioacústica no aquário de Valência, passou anos estudando esses padrões de comunicação, especialmente focada em Kylu, um filhote de beluga nascido em cativeiro na Espanha, e sua mãe, Yulka. 

    A chegada de Plombir e Miranda trouxe uma nova perspectiva para sua pesquisa. Ao contrário do que era esperado, as belugas ucranianas não reproduzem o “beluguês” típico das belugas espanholas, mas sim sons muito parecidos aos dos golfinhos.

    Apelidadas de “canários do mar” devido à cadência e a intensidade de seus sons, o canto das belugas é muitas vezes comparado aos “assobios” dos golfinhos, mas se diferencia por ser mais complexo.

    Essa diferença de sotaques pode ser explicada pela convivência das ucranianas com golfinhos em seu antigo lar.

    “Acredito que elas tentaram se comunicar com os animais ao seu redor. As belugas levam dois anos para aprender seus chamados de contato; então é possível que, ainda pequenos, aprenderam e adotaram o que ouviam em seu ambiente” diz Ames para o jornal El País

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    A situação oferece uma oportunidade única de estudar a capacidade de aprendizado vocal das belugas, uma habilidade que até então era apenas uma hipótese.

    Ames espera que, nos próximos meses, seja possível divulgar os resultados de sua pesquisa, que poderá confirmar que as belugas podem aprender e reproduzir sons de seu ambiente, assim como alguns poucos outros animais. 

    Quanto às implicações práticas, é improvável que as belugas adultas de Valência passem a incorporar esse novo sotaque. Mas há indícios que Kylu, ainda muito jovem, já esteja começando a imitar alguns dos sons emitidos por Miranda. 

    Por enquanto, os responsáveis pelo Oceanogràfic preferem manter as belugas ucranianas e espanholas separadas, tanto por questões de saúde, quanto pelos diferentes dialetos embora os biólogos não acreditem que os cetáceos poderiam se confrontar por falta de compreensão, é um risco que preferem não correr. 

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