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Boas lembranças podem ajudar no tratamento de doenças mentais

Pensar em momentos felizes faz bem à saúde

Por Pâmela Carbonari Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 4 abr 2018, 14h06 - Publicado em 20 abr 2016, 18h30

No livro Laranja Mecânica, de Anthony Burguess, Alex, o anti-herói líder de uma gangue adolescente, é usado em um tratamento experimental chamado Método Ludovico. Sob o efeito de drogas, Alex é obrigado a assistir cenas extremas de violência para conter seu comportamento destrutivo. O tratamento behaviorista descrito por Burguess é fictício, mas — radicalismos e drogas à parte — cientistas britânicos (assim como Burguess) desenvolveram um método semelhante para despertar emoções boas. Batizado de BMAC (Broad Minded Affective Coping), a técnica estimula sentimentos positivos por meio de imagens mentais positivas.

Método Ludovico às avessas

Os pesquisadores da Universidade de Liverpool recrutaram 123 voluntários para descreverem sentimentos sobre si mesmos. Os participantes completaram um formulário sobre culpa, prazer, inseguranças, sentimentos autodestrutivos e de conexão e conforto com outras pessoas.

Na segunda parte do experimento, ao contrário de Alex que foi amarrado à força para assistir às cenas de violência, os voluntários ouviram instruções de relaxamento para focarem em si mesmos e pensarem apenas no momento presente.

Em seguida, os pesquisadores pediram que os voluntários visualizassem um momento feliz que passaram na companhia de alguém querido e que se concentrassem ao máximo nos sentimentos bons que a lembrança suscitava. Eles foram convidados a analisar o que a lembrança significava para a outra pessoa envolvida e notar como isso se refletia na sua própria vida. Os cientistas também estimularam os voluntários a passar um tempo contemplativo para aproveitarem as sensações prazerosas daqueles sentimentos. Ao final, eles responderam o formulário BMAC novamente.

Depois da dinâmica, as respostas negativas e depreciativas diminuíram e o número de respostas de tranquilidade, afeto, segurança e conforto aumentaram consideravelmente. Para os pesquisadores, essa é uma prova de que o método BMAC consegue provocar tipos específicos de emoções ao incentivar imagens mentais por meio de memórias pessoais. Eles apostam, inclusive, na aplicação do BMAC no tratamento de doenças mentais como depressão e ansiedade, por exemplo. Eficaz, acessível, indolor e bem menos invasivo que o Método Ludovico.

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