Relâmpago: Revista em casa a partir de 9,90

Brancos são mais inteligentes que negros?

Veja os passos da tensa relação entre ciência, raça e inteligência.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h47 - Publicado em 30 nov 2007, 22h00

Texto Daniel Schneider

Não. Essa polêmica foi requentada com a declaração do biólogo americano James Watson, co-descobridor da estrutura do DNA e vencedor do Nobel de Medicina em 1962. Em outubro, Watson disse ao jornal britânico The Sunday Times que estava preocupado com o futuro da África, afirmando que “todos os testes de inteligência” negam a idéia de igualdade intelectual entre brancos e negros. Depois, o próprio cientista se desculpou, explicando que a idéia de superioridade branca não tem comprovação científica. Nisso ele acertou. Primeiro, porque a única coisa que pessoas da mesma cor de pele compartilham é a… cor da pele. Segundo, porque não há “o” gene da inteligência – na verdade, milhares deles interferem na formação da capacidade intelectual. E, terceiro, porque “não há nenhuma relação entre os genes responsáveis pela pigmentação da pele e os que formam o sistema nervoso central”, diz o médico-geneticista Sérgio Danilo Pena, da UFMG. No fim das contas, um negro africano pode ser geneticamente mais parecido com um branco norueguês que com seu vizinho, também negro. Por isso, a maioria dos cientistas defende que o conceito de “raça” (um grupo que compartilharia características físicas e composição genética) simplesmente não existe. Definir inteligência também é complicado: além do raciocínio lógico, há outras características, como a capacidade musical, que também podem ser consideradas como inteligência. Veja abaixo os passos da tensa relação entre ciência, raça e inteligência.

Elementar, caro Watson

O conceito de raça está em desuso. O de inteligência é um mistério. E um não tem a ver com o outro

O QUE É “RAÇA”?

O PAI DAS RAÇAS

Continua após a publicidade

Em 1758, o botânico Carolus Linnaeus dividiu em 4 raças a espécie humana: os vermelhos, “geniosos e despreocupados”; os amarelos, “severos e ambiciosos”; os negros, “ardilosos e irrefletidos”, e os brancos, “inteligentes e engenhosos”. Ele era branco…

NOVO CONCEITO

Em 1950, retomando uma idéia da Antiguidade greco-romana, a Unesco usa o conceito de etnia para classificar os homens com base em fatores comuns – ancestralidade, religião, cultura ou idioma – em vez de usar como base a aparência física, como os defensores da idéia de raça.

TOME CULTURA

Nos anos 50, com a descoberta das influências do ambiente na constituição pessoal, ganha força o conceito de população – um grupo que compartilha traços culturais, não importando a aparência física ou ancestralidade. É o critério mais aceito hoje.

Continua após a publicidade

QUANTA EVOLUÇÃO!

Nos anos 90, a Teoria da Evolução das Espécies ajuda os cientistas a descobrir que a maior produção de melanina, que dá o tom mais escuro à pele, é uma estratégia para o corpo armazenar substâncias em regiões de muita exposição à luz solar.

O QUE UMA COISA TEM A VER COM A OUTRA?

MEDIDA RACISTA

Em 1899, o antropólogo francês George Vacher de Lapouge mediu os crânios de várias raças, dos arianos de “crânios longos” até os “braquiocefálicos” negros e judeus, “medíocres e inertes”.

Continua após a publicidade

FAL LAÇO

Em 1913, o psicólogo Henry Goddard fez uma adaptação tendenciosa dos testes de QI para classificar 40% dos imigrantes americanos como mentalmente inferiores, rotulando-os de imbecis. Confrontado, ele admitiu a fraude anos mais tarde.

IMPLOSÃO

Em 1981, o biólogo Stephen Jay Gould reafirmou a independência do desenvolvimento da cor da pele e da inteligência e desmontou a idéia de que todas as habilidades do ser humano têm origem genética.

DESCONSTRUÇÃO

Continua após a publicidade

Na década de 1990, cientistas americanos descobrem que as pessoas mais ricas tendem a se sair melhor nos testes de QI. A conclusão: o teste era bom só para indicar que uma boa educação está relacionada às oportunidades propiciadas pelo nível econômico.

O QUE É INTELIGÊNCIA?

MEDIÇÃO POLÊMICA

Inventado no início do século passado, o teste de QI (quociente de inteligência) pretende medir a capacidade mental das pessoas. Mas os críticos dizem que ele só considera o raciocínio lógico- matemático, uma pequena parcela da inteligência.

OS PRIMEIROS SUBTIPOS

Continua após a publicidade

Criada na década de 1950, a Teoria das Habilidades Cognitivas diz que o homem tem 10 subtipos de inteligência, embora derivados de uma capacidade geral. É o primeiro ataque à noção de raciocínio lógico como sinônimo de inteligência.

INTELIGÊNCIAs MÚLTIPLAS

No fim dos anos 80, o pesquisador americano Howard Gardner classificou a inteligência em 8 habilidades: lógico-matemática, lingüística, musical, físico-cinestésica, espacial, naturalista, existencial e inteligências pessoais.

TANTAS EMOÇÕES

Desenvolvida pelo psicólogo Daniel Goleman no fim dos anos 90, a Teoria da Inteligência Emocional usa testes para medir o quociente de inteligência emocional (QE). Os críticos argumentam que o QE só mede variações de personalidade.

Publicidade


Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
A partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.