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Brasil e África geram ozônio bandido

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h52 - Publicado em 4 jul 2009, 22h00

Confirmada a suspeita: a nuvem de ozônio estacionada sobre o sudeste do Atlântico é consequência das queimadas no Brasil e na África. Desde 1984, os satélites vinham detectado o estranho acúmulo do gás durante os verões. Ninguém sabia ao certo as causas e os perigos do fenômeno e, por isso, cientista do mundo todo decidiram levar a cabo um projeto conjunto de investigação (SUPERINTERESSANTE número 12, ano 6). Apesar de ser o mesmo gás que, nas altas camadas da atmosfera, nos protege dos raios ultravioleta do Sol, o ozônio é perigoso. Próxima à superfície, torna-se uma ameaça à saúde, de inalado por animais e seres humanos, além de prejudicar o crescimento das plantas. “A mancha de ozônio do Atlântico não é a única no mundo”, conta Volker Kirchhoff, diretor de estudos sobre a Amazônia, do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), de São José dos Campos, São Paulo, e coordenador da etapa brasileira da investigação. “Nuvens semelhantes existem sobre outras regiões. Só que pela primeira vez uma concentração tão alta parece fora de centros urbanos, num local tão isolado.” Além disso, a dimensão da macha é assustadora. Na auge do verão, poderia cobrir toda a Europa. 

A investigação foi repartida em três frentes. Aos americanos coube estudar a nuvem a fundo, para saber, entre outras coisas, se a concentração do gás seria realmente perigosa.
Franceses e brasileiros pesquisaram a origem do ozônio. Sem qualquer industria por perto, a única hipótese levantada era de que tivesse algo a ver com as frequentes queimadas na África queimadas na África Equatorial e no Brasil. A hipótese se confirmou. Usando um avião Bandeirante adaptado para coletar amostras do ar em várias altitudes, os brasileiros constataram altíssimos níveis de ozônio no “triangulo das queimadas”, entre os estados de Tocantins, Goiás e Mato Grosso. “São 80 partes por bilhão, quando, normalmente, a concentração não deveria ultrapassar 30”, revela Kirchhoff. O excesso ocorre porque p monóxido de carbono liberado na queima das árvores reage com gases nitrogenados comuns naquela região. O resultado é a formação de moléculas de ozônio. Os pesquisadores do INPE conseguiram também delinear o trajeto dos ventos que carregam o ozônio e monóxido de carbono das queimadas, com a ajuda de sondas lançadas pela Força Aérea Brasileira (FAB). A poluição é levada, inicialmente, para o sudeste brasileiro. Ao passar por ali, encontra-se com a sujeira lançada aos ares por indústrias e automóveis. A mistura é implacável, pois os gases urbanos estão cheios de compostos nitrogenados, o que desencadeia novamente a formação de ozônio. Depois, ele entra pelo Atlântico Sul em direção ao sudoeste africano, onde é capturado por um redemoinho de vento que o concentra. Lá, ele se encontra com ozônio das queimadas que destroem a savana africana, segundo apuram os cientistas franceses. Fecha-se assim o quebra-cabeça. Resta saber agora se o ozônio bandido é mesmo perigoso. Quem vai dizer são os cientistas da NASA, que a bordo de um DC-8 coletaram amostras de ar no sudoeste africano e sobre o Atlântico. “Isso servirá para alterar sobre as implicações em larga escala da poluição produzida pelo homem”, diz Kirchhoff.

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