O camarão Callianassa truncata, que habita os mares das regiões tropicais e temperadas, como o Mar Mediterrâneo, na Europa, não tem mais do que 2 centímetros de comprimento. Mas é capaz de proezas arquitetônicas quase tão formidáveis quanto as pirâmides egípcias, construídas há cerca de 4 000 anos. Ele escava túneis, galerias e câmaras subterrâneas a até 2,5 metros abaixo do leito do mar (veja o infográfico ao lado). As minipirâmides alteram os processos bioquímicos das costas marinhas. A água que circula pelos túneis leva para camadas mais internas dos sedimentos substâncias químicas importantes para a sobrevivência de microorganismos, como o oxigênio. Em condições normais, esse gás não ultrapassaria alguns milímetros de areia. Com uma média de 120 “minipirâmides” a cada metro quadrado, a área de absorção do oxigênio é cinco vezes maior. São cálculos dos autores da pesquisa, liderados pelo biólogo W. Ziebis, do Instituto Max Planck de Microbiologia Marinha.