Como funciona a bomba de grafite usada em bombardeios na Sérvia?
A tarde de 3 de maio, na região de Nis, a 250 quilômetros de Belgrado, foi surrealista. Um esquadrão de ataque da Força Aérea americana despejou uma chuva de artefatos que não explodiam. De dentro deles saltavam longos cordões cinza, parecidos com serpentina. Definitivamente, não se tratava de uma festa. “Os fios, feitos de grafite, se enroscaram nas linhas de transmissão e distribuição de energia, desativando as cinco principais geradoras de eletricidade da região”, conta o engenheiro Márcio Antônio Sens, da Universidade Federal Fluminense, no Rio de Janeiro (veja o infográfico). A arma, que não feriu ninguém nem causou danos às construções, foi batizada de soft bomb (bomba suave). Mas, até que o emaranhado de grafite fosse retirado, não só as forças armadas sérvias, alvo do ataque, tinham sido incomodadas. A população e vários serviços públicos, como hospitais, ficaram às escuras e com equipamentos desativados. Um dano profundo.
O objetivo é apagar tudo
A explosão espalha fiapos de grafite pelos condutores e provoca pequenos curtos-circuitos.
Dentro da bomba, há fios de grafite enrolados na forma de serpentina.
Após a detonação, os fios se espalham sobre as linhas de transmissão de energia. Como o grafite é condutor de eletricidade, faz uma ponte entre dois ou mais cabos elétricos.
Isso provoca curtos-circuitos que interferem na corrente principal. Os sistemas de proteção desligam todo o equipamento. Resultado: fica tudo às escuras.