Cientistas voltam a trabalhar em supervírus
Estudo polêmico, que havia sido interrompido a pedido dos EUA, será retomado este mês - e poderá criar uma grande ameaça à humanidade.
Salvador Nogueira e Bruno Garattoni
Usando técnicas de manipulação genética, cientistas criam um supervírus capaz de eliminar grande parte da humanidade. Parece um roteiro de filme, mas está acontecendo de verdade. Dois grupos de pesquisadores, na Holanda e nos EUA, acabam de desenvolver esse vírus. “É um dos tipos mais perigosos que poderiam ser criados”, admitiu publicamente o líder de uma das equipes, Ron Fouchier. Trata-se de uma versão mutante do H5N1, que causa a gripe aviária e gerou preocupação durante um surto em 2005. A doença é letal, mas o vírus não se propaga facilmente entre humanos. Só que os cientistas desenvolveram um H5N1 turbinado, que pode ser transmitido pelo ar – exatamente como o vírus da gripe comum, que contamina 700 milhões de pessoas no mundo todos os anos. Se escapasse do laboratório, o novo H5N1 poderia causar um número enorme de mortes. Também há o receio de que terroristas aprendam a recriar o supervírus. Por isso, a comunidade científica e os Institutos Nacionais de Saúde dos EUA pediram que o estudo não fosse publicado e os responsáveis pela pesquisa interrompessem seus trabalhos durante 60 dias.
A ideia era ganhar tempo para montar estratégias de defesa. Mas agora, em março, o embargo termina – e a pesquisa será reiniciada. Os cientistas se defendem dizendo que o estudo é necessário e seria mais perigoso não retomá-lo: pois, conhecendo o vírus mutante, é possível trabalhar desde já para desenvolver vacinas contra ele.