Os detectores de neutrinos são muito especiais: são tanques cheios de algum líquido – numa quantidade assustadora de 1 milhão de trilhão de trilhão de átomos. Esse é o número de átomos de cloro contidos no detector de Homestake, nos Estados Unidos: quando um cloro é atingido por um neutrino ele se transforma num átomo de argônio. Isso acontece uma vez a cada dois dias, e os cientistas sabem que para cada neutrino apanhado escapam 3 quatrilhões. Mas, depois de algum tempo, junta-se argônio em quantidade suficiente para se avaliar o número de neutrinos que passaram pelo tanque.
Dois outros detectores, o Sage e o Gallex, são tanques cheios de átomos de gálio, que se transformam em germânio ao topar com um neutrino. No caso do detector japonês, Kamiokande II, o tanque é de água mesmo. Mas o resultado é incrível, já que na água o neutrino é mais veloz do que a luz. Ele dispara a 300 000 quilômetros por segundo – a mesma velocidade da luz no vácuo -, e ela reduz para 225 000 quilômetros por segundo. É o chamado efeito Cerenkov, que cria um facho de luz azulada à frente do neutrino. Captado por células fotoelétricas, o facho mostra de onde veio o neutrino, informação crucial, que os outros detectores não fornecem.