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Comunicação de chimpanzés pode ser mais complexa do que se pensava

Pesquisadores descobriram que sequências vocais similares às frases que montamos também são articuladas por esses primatas.

Por Leo Caparroz
26 Maio 2022, 19h27

Em um novo estudo, pesquisadores analisaram quase 5 mil gravações de chamados de chimpanzés do Parque Nacional Taï, na Costa do Marfim. Ao examinarem a estrutura dos áudios captados, encontraram 390 sequências vocais únicas.

Parecidas com frases, essas sequências são montadas vindas de combinações de tipos de chamados (como gritos, grunhidos e outros barulhos). Apesar de não parecerem tão detalhadas quanto a linguagem humana, já representam um enorme avanço no que se sabia sobre a comunicação primata.

Essa é a primeira vez que ocorre uma documentação tão detalhada e diversa da produção vocal dos primatas. Até então, essa comunicação não havia sido estudada em uma quantidade tão extensa.

“Nossas descobertas apontam um sistema de comunicação vocal em chimpanzés muito mais complexo e estruturado do que se pensava anteriormente”, conta Tatiana Bortolato, uma das autoras da pesquisa.

Os cientistas buscaram entender como os chimpanzés combinam chamados únicos em sequências, como eles ordenam esses chamados em sequências e como recombinam essas sequências para formar sequências maiores. De certa forma, semelhante a como estruturar sons em palavras e palavras em frases.

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Alguns estudos anteriores já se propuseram a analisar essas combinações, mas não com a mesma quantidade de amostras. A equipe registrou cerca de 900 horas de gravações de sons emitidos por 46 chimpanzés selvagens da espécie Pan troglodytes verus vindos de três comunidades diferentes do Parque Nacional de Taï.

Com esses áudios, os pesquisadores identificaram como esses chamados podem ser pronunciados sozinhos, formando uma sequência de dois chamados ou uma sequência de três. Além disso, eles mapearam como essas “frases” eram combinadas e recombinadas entre si e com outras independentes.

Ao todo, os pesquisadores registraram 12 tipos de chamados diferentes. Eles pareciam ter significados distintos dependendo de como eram usados e do contexto do uso. Também semelhante a como nos comunicamos.

“Os grunhidos individuais, por exemplo, são predominantemente emitidos para comida, enquanto os grunhidos ofegantes são usados como uma vocalização de saudação submissa”, explicam no artigo.

Ponto de partida

Eles descobriram que os chamados podem formar 390 tipos de sequências; contudo, os pesquisadores afirmam a possibilidade do número não representar a realidade. Eles já haviam atingido o limite de permanência no campo de pesquisa, mas ainda estavam descobrindo sequências novas.

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Essas informações sugerem uma complexidade na comunicação dos chimpanzés que, até então, não era considerada uma possibilidade. Além de abrir espaço para compreender melhor o significado de seus chamados, a pesquisa também proporciona pistas para a origem da nossa própria linguagem.

“Embora a possibilidade de codificar significados seja substancialmente menor do que o número infinito que pode ser gerado pela linguagem humana, ela oferece uma estrutura que vai além daquela tradicionalmente considerada provável em sistemas primatas,” escrevem.

Segundo eles, o próximo passo é expandir ainda mais o banco de dados das gravações, a fim de analisar questões relacionadas ao significado das sequências e outros pontos não abordados na primeira pesquisa.

“Este é o primeiro estudo em um projeto maior”, explica a também autora Catherine Crockford. “Ao estudar a rica complexidade das sequências vocais de chimpanzés selvagens, uma espécie socialmente complexa como os humanos, esperamos trazer novas ideias que ajudem a compreender de onde viemos e como nossa linguagem única evoluiu.”

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