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Controlar o clima

Alterações químicas, físicas e biológicas no ambiente do planeta podem colocar o poder das tempestades à nossa mercê

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h49 - Publicado em 18 fev 2011, 22h00

Texto Reinaldo José Lopes

São Pedro na fila do desemprego? Parece mais uma daquelas típicas amostras de arrogância humana, mas o fato é que a nossa espécie já interfere de muitas maneiras não planejadas no clima. Os combustíveis que queimamos levam ao aumento da temperatura da Terra, as florestas que deixam de existir por nossa causa estão por trás de mudanças severas nos padrões de chuva, e por aí vai. Pode ser que um dos jeitos de consertar essa lista considerável de besteiras seja assumir um papel mais ativo na regulação do clima do planeta.

De certo modo, tentativas incipientes de controle climático já acontecem desde o começo do século 20, com a prática conhecida como “semeadura de nuvens”. A técnica toma partido do fato de que, para se formarem, as nuvens de chuva precisam de uma quantidade considerável de aerossóis – partículas em suspensão no ar. Em linhas gerais o que acontece é que as gotículas de água se condensam em torno dos aerossóis e chegam a formar cristais de gelo, até que alcançam uma massa crítica e despencam na forma de chuva. O tamanho das partículas e sua quantidade relativa no ar são importantes: parece que, se houver um excesso de aerossóis no ar, as gotículas ou cristais de gelo nunca chegam ao tamanho crítico e, por isso, acaba não chovendo. Hoje, uma das substâncias mais usadas como “semente de chuva” é o iodeto de prata, bombardeado na atmosfera com a ajuda de aviões.


Furacões debelados

Se o estímulo às chuvas não parece a coisa mais sensacional do mundo, que tal matar um furacão no berço? A proposta vem sendo defendida pelo climatologista americano Ross N. Hoffman, da empresa Atmospheric and Environmental Research. Hoffman explica que eventos climáticos extremos, como os furacões, são governados pela famosa teoria do caos. Isso não significa, no entanto, que eles sejam desordenados: entre os físicos, a teoria do caos se refere a fenômenos que são muito influenciados por pequenas mudanças em suas condições iniciais – alterações minúsculas podem levar a repercussões gigantescas no futuro próximo.

“Isso torna a previsão do tempo muito difícil. Mas, ao mesmo tempo, pode ser a chave para conseguir o controle que estamos buscando. Nossa primeira tentativa de influenciar um furacão simulado modificando ligeiramente o estado inicial da tempestade, por exemplo, mostrou-se muito bem-sucedida”, afirma o pesquisador americano.

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Isso significa que, se for possível mudar ligeiramente a temperatura da superfície do mar, cuja umidade em evaporação alimenta os furacões, a ameaça seria debelada – coisa que poderia ser tentada com a ajuda de satélites. Outro parâmetro a ser manipulado seria a própria evaporação, por meio de uma capa de óleo biodegradável.

Em tempos de aquecimento global, a manipulação climática mais urgente provavelmente é qualquer uma que ajude a diminuir a temperatura da Terra. O britânico Andy Ridgwell e seus colegas da Universidade de Bristol propõem uma solução literalmente verde: usar lavouras de cereais para manipular o albedo da Terra, ou seja, a capacidade do planeta de refletir a luz do Sol. Quanto maior a proporção refletida, menos a Terra esquenta.

“Parece muito difícil de conseguir, mas levando em conta que uma variabilidade natural na refletividade das plantas existe em todo tipo de lavoura – e nós vimos isso no caso do trigo, da cevada, do milho e do sorgo, o que significa que deve acontecer com todas as espécies -, trocar plantas menos refletivas por mais refletivas poderia dar certo com todas as lavouras e em todos os lugares”, diz Ridgwell.

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