O cálculo exato ainda não está pronto, mas é quase certo que 1998 foi o ano mais quente do século. Segundo o climatologista David Viner, da Universidade East Anglia, em Norwich, Inglaterra, a temperatura média do planeta deve ter superado o recorde anterior, estabelecido em 1997, de 15 graus Celsius. “O acréscimo deve ser de um ou dois décimos de grau”, disse ele à SUPER. Como esse calor crescente pode sufocar as plantas e esturricar matas, bosques e campinas em diversas regiões, Viner acha prudente tentar antecipar as mudanças possíveis nas áreas verdes. Por isso, ele está ajudando a fazer a mais avançada simulação por computador da vegetação terrestre e das transformações que ela pode sofrer nas próximas cinco décadas. É o que mostram os mapas à direita, criados por um supercomputador do Centro Hadley, instituto ligado ao Ministério do Meio Ambiente da Inglaterra. “Eles não fornecem um cenário definitivo”, reconhece Viner. “Mas são um bom retrato daquilo que nos aguarda.”
Retrato do século XXI
Compare a vegetação da Terra hoje e daqui a cinqüenta anos.
1990
A situação atual
Carros e indústrias jogam no ar 7 bilhões de toneladas de gás carbônico ao ano, o que eleva a temperatura. Em 1998 ela pode ter sido a mais alta do século. O valor exato ainda não foi calculado. Vai ficar acima de 15 graus Celsius.
1. O calor está torrando o norte do Brasil, que fica cada vez mais seco, sujeito a incêndios como o que ocorreu em Roraima em março de 1998.
2. No oeste da África e no nordeste do Brasil, áreas cobertas por palmeiras, arbustos e grama já estão ameaçadas por uma redução gradual no volume das chuvas.
3. Em regiões mais ou menos frias e de vegetação baixa, no norte da Ásia, o calor vem estimulando o crescimento de árvores maiores. Estas também proliferam no Canadá.
2050
O que pode acontecer
Se a descarga de poluição continuar no nível em que está atualmente é provável que a temperatura suba para 16,5 graus, dentro de cinqüenta anos, e mais 1,5 grau cinco décadas depois.
1. Aqui, os termômetros vão dar saltos enormes. A partir de 2040, eles devem marcar até sete pontos acima do patamar atual, que gira em torno de 32 graus Celsius. Parte da mata pode virar deserto.
2. É forte a probabilidade de que parte desses ambientes vire deserto. Veja como cresce a superfície que poderá perder totalmente a vegetação.
3. Estes territórios seriam ocupados por florestas altas. As ervas rasteiras e arbustos, que hoje dominam a ecologia local, tendem a desaparecer.