DNA faz a mulher viver mais do que o homem
Experiência mostra que diferenças no código genético podem ser responsáveis pela diferença de longevidade entre os sexos
Bruno Garattoni
As mulheres vivem mais do que os homens. No mundo, em média 4 anos e 8 meses a mais. E, no Brasil, a diferença é ainda maior – 7 anos a favor das mulheres. Os cientistas sempre recorreram a explicações comportamentais: os homens bebem e fumam mais, vão menos ao médico, sofrem mais homicídio etc. É verdade. Mas o fator determinante pode ser outro: o DNA. Usando técnicas de manipulação genética, cientistas de duas universidades japonesas criaram ratos bimaternais, ou seja, que tinham duas mães e nenhum DNA masculino. Incrivelmente, esses animais tiveram a longevidade estendida em 30%: viveram em média 186 dias a mais do que os ratos normais. “Nós achamos que isso se deva à supressão de um gene chamado Rasgrf1, que os animais normalmente herdam do pai”, afirma o biólogo Tomohiro Kono, da Universidade de Agricultura de Tóquio. Kono e sua equipe são líderes mundiais nas pesquisas sobre DNA dos sexos: foram eles que criaram, em 2004, a técnica que permite gerar descendentes entre duas fêmeas de rato, sem a necessidade de um macho. “Os resultados sugerem que o esperma tem um efeito negativo na longevidade de mamíferos”, conclui o novo estudo, que foi publicado no jornal científico Human Reproduction (principal publicação especializada no assunto). A influência do DNA nas diferenças de longevidade entre os sexos também poderia ajudar a explicar outro fato: entre as pessoas que conseguem ultrapassar a barreira de 110 anos de idade, 96% são mulheres.