Alexandre Versignasi
Por mais que tentasse, você não conseguiria matar seus pais. Pelo menos é o que Einstein ensinou. Sua teoria especial da relatividade, que está fazendo 100 anos, vê o passado, o presente e o futuro de um jeito que desafia o senso comum. Você entende o tempo como se fosse um rio que flui em ritmo constante, que nasce no passado e desemboca no futuro, certo? Os físicos também achavam que era assim. Mas Albert Einstein revelou que esse “rio do tempo” não flui. Está congelado. Tanto o passado como o futuro já aconteceram.
Isso quer dizer que não é teoricamente impossível viajar para o passado – bastaria descobrir uma maneira de andar para trás nesse “rio congelado”. Mas quer dizer também que você não pode mudar nada por lá – afinal, ele já está pronto, determinado.
Mas, e se você descolasse uma máquina que lhe levasse ao passado e conseguisse matar seu pai antes de ele ter um filho (no caso, você)? Einstein estaria errado?
Em 1957, o físico americano Hugh Everett pensou numa explicação para resolver esse paradoxo: a hipótese dos Muitos Mundos. Everett concorda com Einstein, a princípio: o tempo continua sendo visto como um rio congelado. A diferença é que, para ele, existe um número virtualmente infinito de universos paralelos no Cosmos.
Se Everett tiver razão, significa que você não viaja exatamente no tempo, mas pula para um Universo paralelo onde já estava escrito que um cara apareceria do nada e mataria alguém. Nesse lugar onde o assassinato deu certo, você nunca nasceu. Seu pai morreu antes de se reproduzir. Já com o seu velho deste Universo aqui não acontece nada. Você não matou exatamente o seu pai, mas uma “cópia” dele em outro Universo. E pôde nascer na boa. O passado do “original” não muda, com ou sem máquina do tempo. E Einstein vence mais uma.