Assine SUPER por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Entenda de uma vez: o que é seleção natural?

A ideia mais importante de Charles Darwin explica a complexidade das adaptações dos seres vivos e como a vida evoluiu de sua forma mais simples até nós.

Por Salvador Nogueira
Atualizado em 3 jul 2019, 18h48 - Publicado em 3 jul 2019, 18h37

“Se eu pudesse oferecer um prêmio à melhor ideia individual que alguém já teve, eu daria o primeiro lugar a Darwin”, escreveu certa vez o filósofo americano Daniel Dennett. Talvez ele tenha forçado um pouco a barra, mas uma coisa é inegável: a tal ideia brilhante – o conceito de seleção natural – finalmente deu sentido à complexidade dos seres vivos do ponto de vista científico. Se você quer entender qualquer aspecto da biologia, tem de começar com ela.

E o melhor de tudo: é um negócio simples e claro, que não requer prática, tampouco habilidade para entender. Duvida? Sigamos a lógica do velho Darwin, e de seus sucessores, ponto por ponto.

1) Variação: essa é fácil. Você sabe, por experiência própria, que nenhuma pessoa é exatamente igual a outra (inclusive gêmeos idênticos). Nenhum cachorro, árvore, cogumelo ou bactéria causadora de diarreia é 100% idêntico a outra criatura da mesma espécie. Os seres vivos variam, e muito.

2) Componente hereditário: tamanha variabilidade tem ao menos algum componente hereditário ou genético. Tal componente pode ser de 10% ou de 90%, mas quase sempre existe. A cor do seu cabelo ou do pelo do seu gato é influenciada, em parte, por fatores hereditários. O temperamento de vocês dois também. Os interesses sexuais? Idem. E assim vai.

3) Sucesso reprodutivo diferencial: alguns seres vivos morrem antes de se reproduzir; outros deixam alguns descendentes; e há os que produzem uma filharada interminável. Portanto, alguns têm mais sucesso reprodutivo do que outros.

Continua após a publicidade

4) Ligue os pontos: o que acontece se determinada característica variável, com componente hereditário significativo, está associada a um sucesso reprodutivo relativamente maior que o obtido pelos seres vivos que não têm essa característica? Elementar, caro Xeroque Rolmes: a frequência dessa característica tende a aumentar.

Em outras palavras, esse tipo de variabilidade vai ser naturalmente selecionado. Com o tempo, dependendo do grau de sucesso na reprodução que a dita característica confere a seu portador, a concorrência é praticamente varrida do mapa e só sobram os indivíduos com aquele traço. Eis a seleção natural em ação.

Repare que nem aparece a ideia de “luta pela sobrevivência”. Sim, muitas características selecionadas têm a ver com competição, e sobreviver é pré-requisito para se reproduzir, de modo geral, mas o foco correto é a reprodução, não a pancadaria.

Continua após a publicidade

O mecanismo de evolução por seleção natural é tão simples e efetivo que o difícil é imaginar circunstâncias em que não atuasse.

O consenso entre os biólogos – embora existam debates, é claro – é que apenas a seleção natural é capaz de produzir adaptações, ou seja, as capacidades finamente calibradas dos seres vivos para voar (asas), manipular objetos (os seus polegares), transformar a luz do Sol em energia (a fotossíntese das plantas) etc. Isso porque a peneira constante desse processo só deixa passar quem vence a competição reprodutiva e, para isso, em geral é preciso ser uma máquina de sobrevivência mais eficiente que os concorrentes.

A Teoria da Evolução, como um todo, é tremendamente sólida, mas a seleção natural está corroborada por literalmente milhares de estudos de campo e no laboratório. Cientistas já viram aves mudando ligeiramente o tamanho e o formato do bico ao longo de poucas gerações para se adaptar a novas fontes de alimento; já vasculharam o DNA humano e flagraram o espalhamento rápido (em apenas alguns milhares de anos) de genes que carregam a assinatura desse processo. O negócio, em resumo, funciona.

E o interessante é que, pela própria natureza da lógica que analisamos nos itens de 1 a 4, não é sequer preciso que as entidades naturalmente selecionadas possuam carne, osso, folhas ou DNA. Podemos pensar em alienígenas ou robôs totalmente diferentes dos seres vivos da Terra e que, mesmo assim, estariam sujeitos à seleção natural. Em outras palavras, é muito provável que, se tudo isso vale para o nosso planeta, também vale para todo o resto do Universo, se houver alguém lá fora.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.