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Filhos de pais do mesmo sexo

As células-tronco, além de curar doenças, podem trazer os primeiros descendentes biológicos de casais gays

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h49 - Publicado em 18 fev 2011, 22h00

Texto Reinaldo José Lopes

Em abril de 2004, um filhote de camundongo diferente de todos os que já tinham pisado na Terra nasceu no Japão. A pequena Kaguya (hoje já falecida; roedores vivem pouco) era filha de duas mães e não tinha pai. Pesquisadores conseguiram manipular geneticamente os óvulos de duas fêmeas para que um deles “achasse” que era espermatozoide. Se depender do potencial das células-tronco, Kaguya pode muito bem ganhar companhia humana algum dia.

Todo mundo já ouviu falar ao menos um pouquinho dessas células, cuja versão mais famosa são as células-tronco embrionárias, extraídas de embriões descartados por clínicas de fertilização. Até pouco tempo atrás, as células-tronco embrionárias eram as mais estudadas e cobiçadas, porque elas conseguem se transformar em qualquer tipo de tecido do corpo, da pele do seu braço aos neurônios no interior do seu cérebro. Por isso, elas poderiam ajudar a reconstituir órgãos e curar doenças. Mas, ao estudar como essas células funcionam, os cientistas descobriram que dá para “convencer” células já especializadas, presentes no organismo de seres humanos adultos, a voltar para o estado embrionário. Esse tipo de célula, conhecida pela sigla inglesa de iPS (células-tronco pluripotentes induzidas), traz possibilidades ainda mais malucas.

“Com o advento das iPS, é inevitável imaginar a criação de embriões de pessoas do mesmo sexo, e é claro que isso vai gerar um debate ético muito mais complexo do que o que existe em torno das células-tronco embrionárias”, avalia o biólogo Stevens Kastrup Rehen, que estuda as células iPS na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Afinal, se elas retornam para o estado embrionário, isso significa que podem produzir qualquer outro tipo de célula – inclusive espermatozoides, mesmo se o doador original for mulher, ou óvulos, se o doador original for homem.

Refazendo o programa

Mas há uma complicação adicional importantíssima. A questão é que o embrião, para se desenvolver direitinho, precisa “saber” que certos genes possuem só a versão vinda do pai ativada, enquanto os de origem materna estão desligados, e vice-versa. “Parece que, quando as células adultas são reprogramadas, elas perdem esse tipo de marcação. Não sabemos se espermatozoides produzidos assim vão adquirir uma marcação masculina”, explica Rehen. Outro passo crucial envolve dividir pela metade o material genético das células. Do contrário, em vez de ganhar duas cópias de cada gene, como todas as pessoas normais, o embrião ficaria com 4 cópias – e inviável.

Enquanto homens gays poderiam gerar tanto meninas quanto meninos, um casal de lésbicas teria de se contentar apenas com meninas. É genética básica: todas as mulheres precisam carregar duas cópias do cromossomo X, e por isso todos os seus óvulos só possuem cromossomos X também. Já os homens carregam um cromossomo X e outro Y, o que faz com que seus espermatozoides (e talvez, no futuro, seus óvulos) possibilitem todo tipo de combinação. É preciso entender muito melhor a biologia da nossa espécie antes de poder arriscar esse tipo de ousadia biotecnológica no futuro. Mas a mera chance teórica de sucesso já é instigante e estarrecedora.

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Papai 1 e papai 2

Homens homossexuais teriam mais flexibilidade na produção de filhos

1. O primeiro passo é obter amostras de células do casal gay. Um deles pode simplesmente doar seus espermatozoides; o outro será a fonte de células que virarão óvulos no processo.

2. A missão seguinte é “desdiferenciar” as células do “pai-mãe”, ou seja, fazer com que elas voltem a um estado primitivo, parecido com o de células-tronco embrionárias humanas.

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3. Nesse estágio, seria possível transformá-las em óvulos. Como os homens carregam tanto o cromossomo Y (masc.) quanto o X (fem.), eles poderiam gerar uma menina como esta (XX).

4. O “pai-pai” , ou “pai número 2”, é o responsável por doar os espermatozoides que fecundarão o óvulo com os genes de seu parceiro.

5. Após a fecundação, os homens terão de passar seu embrião para uma mãe de aluguel. Já as mulheres poderão gestá-lo normalmente.

 

 

 

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