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Fósseis de 540 milhões de anos em Minas Gerais registram início da vida complexa

Os vestígios – que apresentam simetria bilateral, como nós e a maioria dos animais – pertencem a um dos primeiros organismos macroscópicos a habitar a Terra.

Por Carolina Fioratti
25 jun 2021, 17h30

Pesquisadores do Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM) encontraram em Minas Gerais fósseis do período Pré-Cambriano, com mais de 540 milhões de anos. A evidências, que consiste em um conjunto de impressões de poucos centímetros em rochas calcárias, pertencem a alguns dos primeiros organismos macroscópicos complexos e com simetria bilateral que habitaram o planeta Terra. 

Para entender a relevância dessa descoberta, é importante voltar rapidamente à década de 1940. Na época, pesquisadores encontraram uma biota (conjunto de vários organismos) fossilizada extremamente antiga na região de Ediacara, na Austrália. Os seres de Ediacara tinham idades entre 550 e 560 milhões de anos e já eram macroscópicos – multicelulares como nós, grandes o suficiente para serem vistos a olho nu.

Naquela época, os biólogos pensavam que a vida complexa havia se originado repentinamente com uma explosão de biodiversidade do período Cambriano, que começou há exatos 541 milhões de anos.

“Essa descoberta quebrou um paradigma do que se entendia a respeito da evolução da vida na Terra”, explica Marcos Baptista, pesquisador envolvido no estudo. Os achados mineiros são o primeiro registro da presença de organismos similares aos de Ediacara na América do Sul. Além da biota original australiana, fósseis parecidos também já foram encontrados no Mar Branco, na Rússia.

Pesquisador do Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM) no local do afloramento dos fósseis.
Pesquisador Marcos Baptista no afloramento rochoso na cidade de Jaíba, Minas Gerais. (Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM)/Divulgação)

Baptista trabalha em parceria com Laboratório de Paleontologia da Universidade Federal de Brasília. 

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Os fósseis foram encontrados no norte de Minas Gerais, na cidade de Jaíba. A rocha em que estavam inseridos faz parte da formação Lagoa do Jacaré, situada na Bacia do Bambuí. Como o nome sugere, há mais de meio bilhão de anos havia um mar naquele local que hoje constitui parte de Minas Gerais, Bahia e Goiás. Os fóssieis confirmam a ideia, já que pertencem a organismos marinhos.

Por enquanto, Baptista se limita a dizer que os fósseis têm mais de 540 milhões de anos – ou seja, que são anteriores ao Cambriano. A idade exata ainda precisa ser estimada. Os geólogos ainda não sabem apontar com precisão há quantos anos se formaram as rochas situadas na Bacia do Bambuí.

Pode acontecer do achado brasileiro ser mais recente ou até mais antigo que o australiano. “É preciso que mais pesquisadores encontrem outros fósseis pelo mundo semelhantes a esses suscitando debates e levando à discussão ao nível global. Aí sim você poderá afirmar se este fóssil será um bom fóssil index”. Os fósseis index são utilizados para definir limites na escala de tempo geológica e para a correlação de estratos (um “estrato” é uma camada de rocha formada em uma certa época).

Ou seja: se paleontólogos de outros lugares do mundo encontrarem seres ediacaranos parecidos e conhecerem a idade das rochas em que eles se fossilizaram, é possível cruzar os dados e descobrir a idade das nossas rochas por tabela.

A pesquisa ainda será publicada em um periódico científico, e por isso a Super ainda não pôde acessar detalhes da descoberta. Baptista revela quais são os próximos passos: “Eu quero voltar a fazer trabalho de campo. Sabemos agora que existe um nível geológico onde foi encontrado um fóssil, então já temos um guia. Se seguirmos esse nível geológico, talvez encontremos mais fósseis em outros afloramentos rochosos da formação Lagoa do Jacaré.”

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