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Fóssil “estranho” de anquilossauro mais antigo conhecido intriga paleontólogos

Encontrada na Cordilheira do Atlas, em Marrocos, essa costela de anquilossauro tem 168 milhões de anos e possui espinhos de queratina fundidos ao osso, uma característica inédita no registro fóssil.

Por Luisa Costa
24 set 2021, 19h35

Um fóssil encontrado na cordilheira do Atlas, em Marrocos, pertenceu ao mais antigo – e estranho – anquilossauro descoberto até agora. As costelas desse dino são tão incomuns que os paleontólogos que se dedicaram ao seu estudo pensaram, a princípio, que poderiam ser falsificações: há uma série de espinhos de queratina (como os chifres de um rinoceronte) se projetando a partir dos ossos.

Sabe-se que os anquilossauros eram herbívoros e tinham o corpo envolto por uma carcaça bastante rígida, protegida por extremidades afiadas. Eram tanques de guerra pré-históricos movidos a mato e blindados contra carnívoros. Os fósseis encontrados até hoje exibiam pontas incorporadas apenas à pele do animal. Este anquilossairo é o primeiro a apresentá-las fundidas ao esqueleto.

Os anquilossauros são conhecidos principalmente por meio de fósseis encontrados nos Estados Unidos e Canadá, que datam de 74 a 67 milhões de anos atrás, no final do período Cretáceo – logo antes do célebre meteoro cair. O fóssil descrito agora foi o primeiro encontrado na África, e é o mais antigo conhecido, com 168 milhões de anos de idade.

Segundo Susannah Maidment, paleontóloga do Museu de História Natural de Londres e autora principal do estudo, o animal pode ter sido um dos primeiros anquilossauros existentes e ocupado as raízes da árvore filogenética de seu grupo. Outra possibilidade é que ele faça parte de uma linhagem inteiramente nova. A espécie foi batizada de Spicomellus afer.

O material foi encontrado no mesmo lugar onde pesquisadores do Museu descobriram recentemente o fóssil de estegossauro mais antigo conhecido. Por isso, a princípio, houve a suspeita de que este fóssil pudesse ser parte de um estegossauro também. Mas as investigações seguintes encontraram características exclusivas dos anquilossauros.

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A suspeita de que o fóssil seria adulterado, movida pelo caráter incomum das pontas, também não durou muito tempo – os cientistas perceberam por tomografias computadorizadas que, por mais estranho que fosse, a costela veio mesmo com os espetos de fábrica. 

A nova descoberta pode ajudar os paleontólogos a entender melhor a evolução dos dinossauros, a distribuição geográfica dos anquilossauros e sua possível convivência com seus parentes estegossauros. 

O fóssil, que originalmente pertencia a um colecionador particular, agora faz parte do acervo do Museu de História Natural e será objeto de outros estudos daqui para frente. Segundo Susannah, a ideia é voltar a Marrocos, no futuro, para trabalhar em conjunto com paleontólogos do local.

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