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Fukushima e o ataque dos javalis radioativos

Desde o desastre de 2011, a população de javalis aumentou mais de 300% - e eles estão espalhando radiação por todo lado.

Por Helô D'Angelo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 11 mar 2024, 10h08 - Publicado em 13 abr 2016, 19h15

Fukushima tem lutado para se reerguer depois da explosão da usina nuclear, há 5 anos. Na semana passada, por exemplo, o governo anunciou a construção de uma muralha de gelo para conter a água contaminada que ainda está vazando da usina. Outra questão é a radiação, que tomou conta da cidade e tem causado danos genéticos em insetos, pássaros e macacos – algumas borboletas, por exemplo, não conseguem mais sair do casulo e bater as asas direito. Agora, um novo problema tem atormentado as autoridades locais: uma população cada vez maior de javalis radioativos tem tomado conta dos arredores de Fukushima e invadido plantações, causando quase 1 milhão de dólares em prejuízos para os fazendeiros locais. E o pior: as autoridades não têm ideia de como contê-los. 

Esses porcos selvagens têm usado as casas e lojas abandonadas na cidade como refúgios para a reprodução. Por isso, desde a evacuação, seus números explodiram, passando de 3 mil para 13 mil. O problema é que, ao se alimentar de plantas e outros animais menores, os bichos se contaminaram com césio, uma substância radioativa e cancerígena. Os biólogos que estudam Fukushima não entendem muito bem o por quê, mas a radiação não parece fazer mal aos javalis, embora seja muito prejudicial para os seres humanos. Então, caçar os porcos para comer está fora de questão – o que contribui para o crescimento cada vez mais desenfreado da sua população.

LEIA: Explore a zona de contaminação nuclear de Fukushima com o Google Street View

Desde 2011, a polícia tem oferecido recompensas para os caçadores matarem os porcos selvagens. Mas esta solução está ficando insustentável, porque é muito difícil se livrar das carcaças: além de pesadas (um javali macho pesa em torno de 90kg), elas são radioativas, e por isso seu descarte pede um cuidado especial. Não dá para simplesmente enterrá-las em qualquer lugar, porque cachorros e outros bichos acabam cavando e encontrando os porcos mortos, comendo a carne contaminada e, enfim, piorando tudo. Por enquanto, as autoridades disponibilizam valas comuns para os javalis, mas há pouco espaço: só cabem 600 carcaças nas que existem hoje, e elas estão ficando cheias bem rápido. 

Queimar os javalis também não é possível, porque a fumaça espalharia as partículas radioativas, contaminando outras cidades e ainda mais seres vivos. Existe um lugar específico para incinerar materiais radioativos, mas ele só consegue se livrar de três javalis por dia. Ou seja, em um ano, as autoridades só conseguiriam descartar 1.092 carcaças, um número bem menor que o total de 13 mil – lembrando que, em condições tão favoráveis, eles não vão parar de se reproduzir. 

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LEIA: Desastre nuclear de Fukushima foi duas vezes pior do que se pensava

É comum que animais vivam em espaços abandonados pelos seres humanos após desastres naturais. Foi o que aconteceu em Chernobyl, palco de um dos maiores acidentes nucleares que o mundo já viu: os números de veados, lobos, ursos, linces e javalis triplicaram, mesmo com pelo menos um terço deles contaminados com radioatividade – e olha que, por lá, o desastre aconteceu em 1986. Os biólogos que estudam esses desastres explicam que a radiação faz mal para os animais – mas a presença humana faz pior. Isso explica porque eles gostam tanto de áreas abandonadas, mesmo com a radioatividade.

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– “Morrem”os robôs enviados a Fukushima 
– 9 fatos para entender a crise nuclear no Japão

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