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Fungo “minerador” aglutina ouro do ambiente

Ele parece obter algum tipo de vantagem biológica ao grudar partículas de ouro em sua parede celular — e agora mineradoras esperam explorá-lo.

Por Da redação
Atualizado em 14 fev 2024, 14h56 - Publicado em 27 Maio 2019, 18h51

Temos uma nova criatura no hall da fama dos seres australianos bizarros: pesquisadores do país acabam de descobrir um fungo que faz mineração de ouro. A espécie foi encontrada nas redondezas de Boddington, tradicional região mineradora da Austrália, localizada a 120 quilômetros de distância da cidade de Perth. Por alguma razão ainda pouco compreendida, o Fusarium oxysporum atrai para si partículas de ouro. E se dá muito bem fazendo isso.

Cientistas da Organização de Ciência e Pesquisa Industrial da Commonwealth (CSIRO), agência nacional que gerencia a pesquisa científica no país, acreditam que o fungo obtém alguma forma de vantagem biológica a partir do mecanismo que o torna “banhado a ouro”. Essa suspeita surgiu da constatação de que espécimes ostentando a camada dourada ficavam maiores e cresciam mais rápido comparados aos que não interagem com o metal.

Estudos preliminares indicam que o processo ocorre através da dissolução de partículas de ouro presentes no ambiente, que são atraídas para a parede celular da estirpe. Organismos do reino dos fungos são famosos pelo papel que desempenham na decomposição de matéria orgânica e também no ciclo de outro metais, como alumínio, ferro e manganês. Mas o ouro é outra história. Ele não é chegado em reagir quimicamente.

O Fusarium oxysporum, que aglutina ouro (USDA/Wikimedia Commons)

Essa é, inclusive, uma das características determinantes dos metais preciosos — e foi ela que tornou a descoberta tão surpreendente e peculiar. “Tivemos de ver para crer”, disse à Australian Associated Press o pesquisador Tsing Bohu, da CSIRO. É ele quem está tocando as análises e modelos para entender como e por que o F. oxysporum interage com o ouro. Mas há segundas intenções por trás da pesquisa, que não é só curiosidade acadêmica.

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Os cientistas querem saber se há chance de usar o fungo como sinalizador para encontrar vultosos depósitos de ouro ocultos no subsolo. Por sinal, a Austrália é o segundo país que mais extrai ouro no mundo, mas as jazidas já começam a mostrar sinais de esgotamento para o futuro próximo. É por isso que as mineradoras adorariam explorar as habilidades do organismo — ele pode ajudá-las a achar novas reservas.

Não é como se elas já não fizessem coisas parecidas. Há tempos empresas do setor investem pesado em pesquisa e desenvolvimento para aumentar seus lucros. E elas descobriram meios um bocado inusitados para farejar minas de ouro: procuram por traços do metal precioso em folhas de eucalipto e dentro de cupinzeiros. Tinha de ser na Austrália.

“Queremos entender se o fungo que estudamos pode ser combinado a essas outras ferramentas exploratórias para ajudar a indústria a mirar em áreas prospectivas”, aponta Ravi Anand, cientista-chefe da pesquisa na CSIRO. De certa forma, seria um ganha-ganha. Na natureza, o fungo F. oxysporum obtém vantagem biológica — e as empresas de mineração tiram vantagem econômica no mercado. Parece um bom negócio.

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