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Gostou do boi gigante? Conheça outros “patinhos feios” da natureza

Um boi de 2 metros de altura ficou famoso nesta semana, mas ele não é a primeira anomalia curiosa: tem panda marrom, caramujo canhoto e até elefantes gêmeos

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 12 mar 2024, 10h36 - Publicado em 29 nov 2018, 17h25

Um boi de 1.400 kg e 1,94 m de altura que vive em Myalup, uma pequena cidade no oeste da Austrália, virou lenda nas redes sociais e saiu no New York Times. O motivo? Bem, ele é um boi de 1.400 kg e 1,94 m. Você quer mais motivo do que isso?

O gigante, batizado de Knickers por seu dono, é da raça leiteira Holstein-Frísia. De fato, ele é malhado como uma vaca holandesa – motivo pelo qual foi confundido com uma fêmea com frequência no Facebook ao longo de seus 15 minutos de fama. Knickers é só 3 centímetros menor do que o maior boi da história, registrado no Guiness Book, o livro dos recordes. Veja abaixo um vídeo do Shaquille O’Neal do pasto. 

Knickers tinha tanta carne que não pôde virar carne. Enquanto seus colegas foram leiloados para o abate, o gigante não foi adquirido por nenhum frigorífico: ele não caberia no equipamento usado para sacrificar os animais. Um herói do vegetarianismo, que passará o resto da vida em paz no jardim de seu dono, Geoff Pearson.

Em homenagem ao herói-meme bovino, a SUPER coletou outras quatro histórias de seres vivos excepcionais – que se destacavam em meio a seus iguais. Conheça nossa coletânea de patinhos-feios.

1. Jeremy, o caracol canhoto

Jeremy, o único caracol cujo casco gira para esquerda, morre – mas deixa um legado

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Vá ao jardim mais próximo e colete todos os caracóis que encontrar. Perceba: todas as conchas giram sempre no sentido horário. Esse é um fato tão certo quanto o show do Roberto Carlos no final do ano. Não há escapatória.

Jeremy, porém, era uma exceção. Sua concha girava no sentido anti-horário. Angus Davidson, professor da Universidade de Nottingham e dono do petexótico, declarou em 2016: “Esse é um achado muito excitante. Eu estudo caracóis há 20 anos e eu nunca tinha visto um desses. Nós estamos muito ansiosos para estudar sua genética, e descobrir se é uma falha no desenvolvimento ou um traço genético genuíno e hereditário.”

O problema é que a concha não era a única coisa invertida em Jeremy. Toda a sua anatomia era espelhada. Inclusive os órgãos sexuais – o que impedia o dito cujo de procriar. Isso deixou seu dono, Davidson, desesperado: como ele faria para estudar a hereditariedade do bichinho? Caracóis são hermafroditas, o que significa que Jeremy poderia, ao menos em teoria, fecundar a si próprio. Mas seria uma perda enorme para a ciência não saber como seus traços se manifestariam nos filhotes se ele cruzasse com um caracol normal, destro.

Felizmente, após uma longa campanha na internet, Jeremy encontrou um pretendente igualmente canhoto, e os órgãos sexuais dos dois se encaixaram. Ele teve alguns filhotes e morreu, feliz, em outubro de 2017, de causas naturais (para ler mais sobre sua história, acesse a matéria completa:

2. Emma e Elon Tusk: os elefantes gêmeos

À primeira vista, a única coisa excepcional no filhotinho de elefante Elon Tusk é seu nome: um trocadilho entre Elon Musk, CEO da SpaceX, e a palavra tusk (“tromba” em inglês). Mas isso é o de menos. Chocante mesmo é o fato de que ele tem uma irmã gêmea, chamada Emma. Os dois nasceram no final de 2016 no parque nacional de Tarangire, na Tanzânia – o mesmo país africano em que nasceu Freddie Mercury.

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Gêmeos são uma raridade na maior espécie de mamífero terrestre: só 1% das gestações são duplas. Além da gravidez de extremo risco (já pensou carregar dois elefantinhos no útero?), os recém-nascidos vêm ao mundo pequenos e frágeis, e disputam ferozmente os recursos – como o leite da mãe. Quando eles são de sexos diferentes, os machos, maiores e mais fortes, acabam impedindo as fêmeas de se alimentar. Para piorar, Eloise, a mãe, tinha 57 anos – uma idade avançada demais para qualquer gestação. Resumo da ópera? Tudo conspirava contra os irmãos.

Elon e Emma, porém, gostam muito um do outro e mamam juntos sem problema. Não faltou alimento na infância, porque a temporada de chuvas começou mais cedo no ano em que nasceram, e deixou a grama verde. Além disso, estão a salvo dos caçadores: “Esse é um dos parques mais seguros para elefantes na África”, explicou em comunicado oficial Charles Foley, responsável pelo órgão que cuida da vida selvagem na Tanzânia. “O tamanho do parque, sua segurança e sua popularidade com os turistas ajudam. Há poucos caçadores à solta nesse ecossistema.”

3. Os pandas marrons de Qinling

É o trocadilho óbvio, mas precisa ser feito: os pandas da cordilheira de Qinling, no centro da China, provam que a natureza não é preto no branco. Eles foram descobertos na década de 1960, mas só foram oficializados como uma subespécie – isto é, uma variedade – do panda comum em 2005 (veja o artigo científico). Ganharam até um nome científico extralongo, como um terceiro nome que faz referência ao seu local de origem: Ailuropoda melanoleuca qinlingensis. 

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Quinlingpandabearr

Só há algumas centenas de exemplares do panda marrom na natureza. Ninguém sabe muito bem como eles acabaram de uma cor tão diferente. Como a população, além de pequena, vive isolada a algo entre 1 km e 3 km de altitude, é muito mais fácil uma mutação genética se espalhar por todos os indivíduos – mesmo que ela, em princípio, não dê nenhuma vantagem de sobrevivência clara. O nome de processo de disseminação aleatória de características, que atua junto da seleção natural, �� deriva genética.

Os pandas marrons, de acordo com a Academia Chinesa de Ciências, se separaram dos pretos tradicionais há cerca de 50 mil anos. Outras diferenças estão nos dentes molares, que são maiores, e no formato do crânio.

4. L’Arbre du Ténéré

A acácia solitária que você vê na foto abaixo foi, por décadas, a árvore mais isolada da Terra: cravada no meio do deserto do Saara, no Níger, era o único pontinho verde em um raio de 200 quilômetros. No inverno de 1938, um poço artesiano foi escavado a alguns metros de distância do vegetal, e suas raízes foram vistas tocando a água a quase 40 metros de profundidade – o que ajuda a explicar sua sobrevivência improvável.

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Arbre-du-tenere-1961
(Michel Mazeau/CC BY-SA 2.0/Creative Commons)

Por anos, a Arbre du Ténéré serviu como uma espécie de farol que guiava nômades no deserto – função que foi oficializada neste mapa. Ela sobreviveu a décadas de camelos famintos e pessoas com frio em busca de lenha, mas não resistiu à tecnologia: em 1973, foi atropelada por um motorista de caminhão bêbado. Seu tronco foi guardado com carinho e hoje está exposto no Museu Nacional do Níger. No lugar em que ela ficava, uma escultura metálica serve de memorial.

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