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ISS é obrigada a fazer manobra para não colidir com restos de foguete

Em 2019, um foguete japonês explodiu em 77 partes. Ontem, uma delas passou próxima à Estação Espacial, obrigando um desvio de rota.

Por Guilherme Eler
23 set 2020, 18h03

Existem pelo menos 8.800 toneladas de detritos espaciais vagando pela órbita da Terra neste exato momento, segundo estimativas da ESA (a Nasa europeia). A maior parte desses objetos é minúscula – 128 milhões de fragmentos têm entre 1 milímetro e 1 centímetro de tamanho. Mas há, também, restos maiores, causados por explosões recentes de satélites que já não funcionam mais ou restos de foguetes, por exemplo.

Não há riscos de que esses restos despenquem na Terra. Eles não sobreviveriam ao processo de reentrada na atmosfera e se desintegrariam antes de cair causar algum prejuízo. Sendo assim, permanecem vagando ao redor do planeta – e se acumulando ao longo dos últimos 60 anos. Isso não impede que, mesmo assim, restos espaciais continuem causando dores de cabeça à humanidade.

Viajando a uma velocidade de 20 mil km/h, pedaços de lixo espacial se tornam ameaças a satélites em funcionamento na órbita da Terra. Ou para a Estação Espacial Internacional (ISS), que vive precisando desviar de detritos para não ter que repor painéis ou cobrir buracos na lataria. Só entre 1999 e 2018, foram pelo menos 25 manobras de emergência do tipo.

Na última terça-feira (23), astronautas à bordo da ISS precisaram fazer a terceira manobra de desvio só neste ano. O tal pedaço fazia parte de um foguete japonês lançado em 2018, que explodiu em 77 partes no ano passado, e passou 1,4 quilômetro de distância da ISS, segundo a Nasa. Mas, por precaução, foi montada uma verdadeira operação.

A manobra mais recente foi feita por controladores da Nasa e da Roscosmos, a agência espacial russa, e durou cerca de dois minutos e meio. O que eles fizeram foi nada além que ajustar levemente a órbita – a trajetória em torno da Terra – da Estação, para que ela não coincidisse com a do objeto que vinha de encontro.

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Por segurança, os tripulantes a bordo da ISS – dois astronautas russos e um americano – foram realocados para a Soyuz, uma nave de apoio, durante o procedimento. A ideia era que, se necessário, os astronautas conseguissem evacuar a Estação antes do objeto colidir. Nada além de um “excesso de cautela”, segundo a Nasa.

Não foi preciso: depois da mudança de rota eles retornaram às suas atividades normais. É a segunda vez em menos de um mês que a tripulação é movida para um “anexo” da ISS. Em agosto, astronautas ficaram em uma nave auxiliar para que, da Terra, controladores investigassem um vazamento anormal de ar na Estação – como você leu aqui na SUPER.

A ESA estima que entre quebras de equipamentos, explosões e colisões, mais de 500 eventos causaram a fragmentação de detritos no espaço. E com a corrida espacial quente como nunca, é bem provável que esse número cresça nos próximos anos.

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