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‘Lago’ com água líquida e potencial para conter vida é encontrado em Marte

Sonda da Agência Espacial Europeia detectou um corpo d'água de 20 km de extensão no polo sul do Planeta Vermelho – oculto sob uma grossa camada de gelo

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
26 jul 2018, 16h26

Dados de radar de uma sonda não-tripulada da Agência Espacial Europeia (ESA) revelaram um corpo de água salgada com 20 quilômetros de extensão oculto sob uma calota de gelo no extremo sul de Marte. Essa é a primeira vez que um acúmulo de H2O estável e razoavelmente grande é encontrado no Planeta Vermelho – e reacende as esperanças de que nosso vizinho planetário possa abrigar formas de vida simples.

Os dados foram coletados pela nave Mars Express entre maio de 2012 e dezembro de 2015, e analisados por uma equipe de cientistas italianos. A superfície do lago congelado, que é aproximadamente do tamanho da baía de Guanabara, está centrada nas coordenadas 193°E, 81°S (você pode tentar encontrá-lo no Google Mars).

As ondas eletromagnéticas emitidas pela sonda atravessam a rígida cobertura de gelo – com 1,5 quilômetro de espessura –, mas, assim que passam dela, são refletidas de uma maneira característica pela substância que está imediatamente abaixo. De acordo com Roberto Orosei, do Instituto Nacional de Astrofísica em Bolonha, esse fenômeno só pode ser atribuído a um líquido. A comunidade científica, na média, aprovou essa interpretação dos dados e concordou que essas são as melhores evidências de água em Marte já coletadas.

Não é possível estimar a profundidade do lago, que pode também ser um aquífero – isto é, um reservatório completamente subterrâneo, sem conexão com a superfície. Embora a temperatura no polo Sul de Marte alcance -70oC sem esforço, a água poderia se manter no estado líquido graças a uma combinação fortuita de alta pressão e uma imensa quantidade de sal (o Mar Morto, famoso pela concentração de sal 9,6 vezes maior que a do oceano, precisaria de no mínimo -20oC para virar ringue de patinação).

Quem já jogou um pouco de sal no corpo de uma lesma sabe que o ingrediente não se dá muito bem com seres vivos. Quando há muito sal no ambiente em que uma célula está mergulhada, ela perde água por osmose e morre desidratada. Alguns microorganismos extremófilos, como a bactéria Dunaliella salina, foram presenteados pela evolução com mecanismos biológicos para evitar a perda excessiva de água em habitats desse tipo – mas adaptações como essa são raras.

Moral da história? Nada impede a água marciana de abrigar seres vivos, mas eles teriam que ser no mínimo parentes de Chuck Norris para suportar as condições de vida ali. Mesmo assim, Mark Sephton, especialista em vida em ambientes extremos, não perde as esperanças. Ao Guardian, o pesquisador do Imperial College de Londres afirmou que “se houver uma fonte de energia e uma fonte de nutrientes, a vida é possível”.

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Carlos Menck, geneticista da Universidade de São Paulo (USP), lembrou a SUPER de que condições consideradas inóspitas para a vida na Terra podem não ser tão terríveis assim para quem já está acostumado. “Acho a descoberta extremamente promissora. Se de fato existe vida em Marte, esse lago é um ótimo lugar para encontrá-la. Mesmo que as condições sejam extremas – ou pelo menos condições que nós consideramos extremas.”

O próximo passo, claro, seria enviar uma missão para perfurar o gelo, coletar amostras e descobrir a real natureza do corpo d’água. Mas esse é um futuro bem, bem distante. “Precisaríamos enviar um robô capaz de furar mais de 1 quilômetro de gelo”, afirmou o italiano Orsini, “e isso certamente requer avanços tecnológicos que no momento não estão disponíveis”.

Por enquanto, portanto, a notícia basta: há água líquida em Marte. A pergunta de David Bowie nunca esteve tão próxima de uma resposta.

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