Lembranças de vidas passadas
Induzidas ou não, algumas pessoascontam histórias de uma outra vida:delírio, fraude ou experiências reais?
Tânia Nogueira
Nos últimos anos, muita gente diz ter descoberto coisas que nem imaginava sobre si mesmo na chamada terapia de vidas passadas, ou terapia regressiva vivencial: nome, profissão e época em que viveu em outras encarnações. A técnica, que consiste em hipnotizar o paciente e fazê-lo regredir para antes da data de seu nascimento, parte da premissa de que existe reencarnação e que traumas vividos em existências anteriores afetam o estado psicológico e físico dos pacientes.
Muitos dos relatos que esses pacientes fazem durante o estado hipnótico são cheios de detalhes históricos e geográficos que, aparentemente, o paciente desconhece quando consciente. Para a psiquiatria, isso não constitui prova da suposta vida anterior. No artigo Past-Life Experiences, os pesquisadores Antonia Mills, da Universidade do Norte da Colúmbia Britânica, no Canadá, e Steven Jay Lynn, da Universidade do Estado de Nova York, em Binghamton, nos Estados Unidos, apontam evidências de que pode se tratar de simples autopersuasão. Primeiro, tanto o paciente quanto o terapeuta a princípio estão convencidos de que existiram outras vidas e de que serão capazes de regredir até elas. Segundo, com tanta informação disponível em livros, revistas, jornais, filmes, televisão, internet e outras mídias, as pessoas esquecem como ficaram sabendo de um fato.
LÍNGUA ESTRANHA
Os dois cientistas, no entanto, citam uma pesquisa de Ian Stevenson, da Escola de Medicina da Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos, em que surgem casos que podem ser uma exceção: pacientes que falam uma língua com a qual nunca tiveram contato. Esse conhecimento, segundo Stevenson, pode vir de uma vida passada.
A especialidade de Stevenson, de fato, são as experiências espontâneas de vidas passadas. Existem casos de crianças entre 2 e 5 anos que, de repente, começam a falar sobre alguma suposta vida anterior. Nas investigações, essas histórias batem com acontecimentos reais da vida de alguém que já morreu, pessoas de quem a criança nunca poderia ter ouvido falar. Além disso, quando é promovido o encontro da criança com a família e os amigos do morto, a primeira reconhece as pessoas e é, até, capaz de dizer seus nomes.