Limite vertical
Isolado no norte do Paquistão, a 8 611 metros de altura, o cume do K2 é o mais difícil e perigoso desafio do alpinismo
Rafael Kenski
Aqui mora o perigo
Assim começa a subida do K2, a segunda maior montanha do mundo, mais baixa apenas do que o Everest. Um alpinista (indicado pela seta vermelha, à direita) sobe os primeiros trechos dos 3 500 metros de altura que separam o acampamento-base do cume. O caminho é uma parede de pedra e gelo submetida a avalanches, ventanias, tempestades, ar rarefeito e muito frio. Essas dificuldades fazem do K2 a mais mortífera montanha do mundo. Até hoje, apenas 185 pessoas atingiram o topo – nada menos que 54 morreram tentando escalar. O risco afasta muitos candidatos. Enquanto mais de mil pessoas por ano tentam subir o Everest – 237 metros mais alto –, apenas 20 ou 30 se aventuram a escalar o K2
Entrando numa fria
Os dias em que o tempo fica bom o suficiente para subir a montanha são raros. Muitos alpinistas desistem durante a espera. Basta olhar para o acampamento-base para perceber por quê
Sai de baixo
Avalanches são um grande perigo para quem se aventura a subir o K2. A forte inclinação da montanha e as tempestades que a castigam diariamente tornam o fenômeno muito freqüente. Prever quando essas enormes massas de gelo correrão ladeira abaixo é uma tarefa impossível, devido ao clima instável da região. As avalanches já destruíram muitos acampamentos e quase sempre são fatais
Onde o vento faz a curva
Essas barracas, montadas a 6 700 metros, foram destruídas pela força dos ventos no K2. Nessa altitude as correntes se movimentam com muita velocidade e, ao serem interrompidas pela massa de terra da montanha, dão origem a ventanias que muitas vezes ultrapassam os 100 Km/h
À beira do abismo
O maior desafio do K2 está neste muro, a 8 350 metros de altitude. É uma parede de gelo com 100 metros de altura onde a neve muitas vezes chega até a cintura do alpinista. Waldemar Niclevicz, o primeiro brasileiro a subir a montanha, precisou de 11 horas para vencer esse obstáculo. Qualquer acidente joga o alpinista em um abismo de 3 000 metros de profundidade. Mais de 30 pessoas já perderam a vida nesse trecho, a maioria durante a descida
Quebrando o gelo
Todo alpinista que sobe o K2 se assusta ao atravessar os seracs – gigantescas pedras de gelo suspensas que podem cair a qualquer momento. Atravessá-los requer, além de técnica e esforço, muita sorte
De tirar o fôlego
A quantidade de oxigênio neste trecho, os últimos 600 metros da montanha, é apenas um terço da encontrada no nível do mar. A falta de ar causa sintomas como dor de cabeça, falta de apetite, vômito e delírios. É preciso respirar muitas vezes antes de cada passo. Correr é impossível
rkenski@abril.com.br