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Entenda como o hipnótico zolpidem te põe para dormir

Entre 2012 e 2021, as vendas de Zolpidem aumentaram 676% no Brasil. Foram vendidas 10 milhões de caixas só na primeira metade de 2022.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 26 out 2023, 12h43 - Publicado em 24 jul 2020, 13h29

Seu cérebro é uma rede de neurônios. Os neurônios têm uma parte que recebe estímulos (os dendritos) e uma parte que envia estímulos (o axônio). Entre o axônio de um neurônio e o dendrito de outro neurônio há um vão chamado fenda sináptica. É lá por meio dessa fenda que os dois neurônios se comunicam.⠀ ⠀

Na membrana dos neurônios, bem na fenda sináptica, há algo chamado receptor GABA: uma espécie de portão que autoriza ou proíbe a entrada de íons de cloro (íons são átomos de cloro que estão carregados eletricamente. Nesse caso, a carga é negativa). O álcool, por exemplo, funciona em partes porque abre o GABA e deixa um monte de cloro entrar.⠀ ⠀

Como funciona o zolpidem?

 

Quando o cloro entra na célula, ele inibe a transmissão de impulsos entre os neurônios graças a um fenômeno chamado hiperpolarização. Seu cérebro começa a funcionar em câmera lenta. O zolpidem te faz dormir porque também abre um dos receptores GABA, chamado de ômega. Bem como todos os demais remédios hipnóticos e sedativos (como os benzodiazepínicos, tipo o Lorazepam, e os anestésicos barbitúricos). 

De acordo com o Instituto do Sono de São Paulo, os brasileiros estão dormindo 1h30 a menos, em média, do que na década de 1990: são só 6h30 por noite. Mais de 70 milhões de brasileiros têm algum grau de insônia. Entre 2012 e 2021, as vendas de Zolpidem aumentaram 676% no Brasil. Foram vendidas 10 milhões de caixas só na primeira metade de 2022. Embora o Zolpidem seja um remédio seguro e menos viciante que o Lorazepam, não é recomendável consumi-lo em longo prazo.

Afinal, essa insônia raramente está sozinha. Em geral, os insones não conseguem dormir por causa de dor crônica, depressão, ansiedade, má-alimentação etc. Ou seja: o melhor é sempre combater as causas – e parar de abrir seus GABAs para qualquer íon cloro. (Para saber mais, ouça o episódio sobre sono do nosso podcast Terapia, disponível no Spotify e no YouTube.)

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Os efeitos colaterais do zolpidem

 

O zolpidem, com frequência, gera sonambulismo. De acordo com a bula, “caminhar enquanto dorme e outros comportamentos associados como: dormir enquanto dirige, preparar e comer alimentos, falar ao telefone ou no ato sexual, acompanhado de amnésia para estes eventos, foi observado em pacientes que utilizaram o zolpidem e não estavam totalmente acordados.”

Por isso, é importante tomá-lo imediatamente antes de dormir, e garantir que você terá 7 ou 8 horas de sono. Se forçar a permanecer acordado sob efeito do remédio exacerba efeitos colaterais como os descritos acima. Há vários registros de uso de zolpidem como droga recreativa.

Outro problema é a dependência – motivo pelo qual o hipnótico só deve ser usado com parcimônia, como uma alternativa temporária enquanto o paciente não ataca a insônia pela raíz. “Na presença de dependência física, a descontinuação abrupta do zolpidem pode causar o aparecimento de sintomas de abstinência: cefaleia, dor muscular, ansiedade e tensão extremas, agitação, confusão e irritabilidade.” Além disso, a insônia pode voltar ainda pior do que era antes do início do tratamento.

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