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No futuro, talvez você receba o órgão de um porco

Babuínos sobreviveram quase 3 anos com corações de porcos - e esse pode ser o primeiro passo para os transplantes entre espécies diferentes

Por Helô D'Angelo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h01 - Publicado em 8 abr 2016, 19h00

Parece coisa de ficção científica – e daquelas bem malucas -, mas é possível que órgãos de porco substituam partes humanas em transplantes. Cientistas do Instituto Nacional de Saúde de Bethesda, nos EUA, conseguiram manter corações suínos funcionando dentro de babuínos por mais de 500 dias, sem rejeição – um tempo recorde para este tipo de experiência.

No estudo, foram analisados cinco primatas: cada um deles teve um coração de porco ligado às próprias veias. Não foi um transplante propriamente dito, porque os órgãos dos babuínos foram mantidos em funcionamento junto com os novos. Mas a ideia da pesquisa era justamente observar e evitar os mecanismos de rejeição, um dos maiores empecilhos desses procedimentos.

LEIA: Transplantes mais seguros

Para barrar essa resposta imunológica, os cientistas modificaram geneticamente os órgãos suínos antes de implantá-los, para apagar os genes de porco que poderiam causar problemas. Os babuínos também receberam, durante todo o experimento, doses de imunossupressores – drogas que servem para impedir a rejeição em transplantes. Os órgãos de porco funcionaram por cerca de 10 meses e só começaram a falhar quando os cientistas diminuiram os imunossupressores. Mas tudo correu tão bem que um dos primatas continuou com os dois corações batendo por mais de 500 dias.

O experimento foi um primeiro passo na direção dos transplantes interespécies – chamados de xenotransplantes -, e o principal objetivo dos cientistas era checar a possibilidade de órgãos de animais serem transplantados em seres humanos. É por isso que esses dois bichos foram escolhidos para o estudo: eles são parecidos conosco. Babuínos têm uma organização corporal que lembra muito a nossa, e porcos possuem vários traços genéticos em comum com a gente – a pele sem pelos, o nariz protuberante, o “branco do olho” e os cílios, por exemplo.

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LEIA: Quantos órgãos acabariam com a fila de transplantes no Brasil?

Mas se a ideia é que esses xenotransplantes sejam possíveis em humanos, os médicos vão precisar solucionar alguns problemas. Primeiro, a pessoa que recebesse o órgão animal teria que tomar imunosupressores pelo resto da vida e a dose necessária para manter tudo nos conformes ainda não foi definida. Segundo, não se sabe se o coração de porco sozinho seria forte o suficiente para manter uma pessoa viva – já que, no estudo, os babuínos contavam também com o próprio coração para bombear o sangue.

Os cientistas vão continuar estudando para resolver essas questões. O próximo passo é tentar um transplante completo de um coração suíno para um babuíno, tirando o órgão do primata e subistituindo-o pelo novo. Além disso, os médicos precisam testar os níveis necessários da droga para manter o sistema imunológico tranquilo e favorável – permitindo que coração de porco funcione sozinho.

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