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Nós não viemos dos macacos

Os seres humanos são parentes, não descendentes dos primatas atuais. Temos com eles um ancestral em comum, que viveu na África há cerca de 7 milhões de anos.

Por Reinaldo José Lopes
Atualizado em 31 out 2016, 18h53 - Publicado em 5 abr 2012, 22h00

Se o homem é uma evolução do macaco, por que ainda existem chimpanzés por aí? Essa é uma pergunta bem capciosa, que acaba confundindo e enganando muita gente. Quem adora fazê-la são os criacionistas, aqueles que acreditam na criação divina – o homem moldado por Deus a sua imagem e semelhança. Mas há uma falha conceitual nessa pegadinha. Ela dá a entender que, segundo a Teoria da Evolução, o Homo sapiens evoluiu dos macacos atuais. Charles Darwin, entretanto, nunca disse ou escreveu isso. O que os evolucionistas afirmam é que tanto a macacada de hoje quanto os seres humanos têm um ancestral em comum. E eles estão absolutamente corretos nessa afirmação.

Segundo os estudos mais recentes, baseados em fósseis e análises de DNA, há cerca de 7 milhões de anos a África era habitada por um tipo de primata do qual descendem tanto o homem quanto os chimpanzés e bonobos (ou chimpanzés-pigmeus) atuais. A analogia mais adequada para entender essa história é pensar nas espécies como membros de uma família. Considerando que esse primata é o avô da família, os chimpanzés não são nossos “pais”, mas nossos “primos”.

Aí você pergunta: se fosse ressuscitado por alguma tecnologia mirabolante, estilo Parque dos Dinossauros, esse ancestral comum poderia ser considerado um macaco? Nem sim, nem não. Sob vários aspectos, ele lembraria um chimpanzé. Seria coberto de pelos, por exemplo, e provavelmente teria um cérebro relativamente pequeno. Por outro lado, alguns dos fósseis mais antigos da linhagem humana – como o Ardipithecus ramidus, de 4,4 milhões de anos – sugerem que esse vovô talvez não tivesse outras características dos macacos atuais, como o hábito de andar apoiado nos nós dos dedos.

Além de tudo isso, há outro motivo pelo qual a pergunta dos criacionistas está conceitualmente equivocada. Ela supõe que todo macaco “gostaria” de ter seguido o caminho evolutivo do homem. Mas o fato é que cada linhagem de primata tem sua própria história de evolução. De acordo com arqueólogos e antropólogos, foi só nos últimos 10 mil anos – com o advento da agricultura e o surgimento das grandes civilizações – que a “solução” representada pelo Homo sapiens realmente se mostrou mais bem-sucedida que as outras espécies.

 

 

 

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