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Novo método permitirá diagnóstico de câncer por exame de sangue

Pesquisa inédita aponta que altos níveis de certas proteínas no sangue estão ligados ao aparecimento de tumores

Por Guilherme Eler
22 mar 2017, 19h17

Um exame de sangue fornece relatório preciso de grande parte das funções do corpo. Alterações nos níveis de componentes como leucócitos ou hemácias podem explicar desde infecções até problemas hormonais, permitindo a detecção de uma série de doenças. Um estudo desenvolvido na Universidade de Purdue, nos Estados Unidos, propõe que a análise sanguínea pode servir também no diagnóstico de câncer. Isso porque há proteínas presentes no sangue que, quando em níveis altos, costumam estar associadas a tumores malignos.

A pesquisa foi publicada na revista científica Proceedings of the National Academy of Science (PNAS), e comparou amostras sanguíneas de 30 pacientes com câncer de mama. Dentre as mais de 2400 fosfoproteínas comumente encontradas no sangue, 144 se mostraram especialmente elevadas em quem tinha a doença. A fosforilação, nome dado ao processo de associação entre uma proteína e grupo fosfato, modifica a genética das células, possibilitando a formação de tumores. Encontrar níveis anormais de fosfoproteínas significa, portanto, identificar também a doença.

Para isso, os cientistas precisaram separar os diferentes componentes sanguíneos em laboratório. Foram utilizadas centrífugas superpotentes para isolar as hemácias e os exossomos, microvesículas presentes no sangue. Os exossomos são estruturas secretadas por todas as células, mas em número muito maior pelas cancerosas. Eles atuam na “limpeza” e comunicação celular, além de carregar as fosfoproteínas.

Sua habilidade de se fundir com outras células explica o processo conhecido como metástase. Por ser fruto de uma célula cancerosa, o exossomo modifica a genética da célula hospedeira, ampliando a doença a outros tecidos e espalhando o câncer pelo corpo.

O próximo desafio do grupo é analisar o comportamento das fosfoproteínas também em outros tipos de tumor, para que seja possível determinar o câncer exato que o paciente possui a partir dos resultados observados no exame de sangue.

Identificar tumores por meio um exame simples, como a análise sanguínea, significa simplificar (e muito) o diagnóstico. Isso porque o caráter silencioso da doença faz com que exames específicos só sejam feitos em estágios mais avançados – quando costumam aparecer sintomas, por exemplo. Além disso, ultrassons e tomografias são considerados mais invasivos, além de mais caros e de análise bem mais complexa.

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