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O invisível tem peso, sim, senhor

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h50 - Publicado em 30 jun 1998, 22h00

Uma equipe transnacional de cientistas, operando o detector Superkamiokande, no Japão, anunciou o que deve ser uma das notícias mais importantes deste ano: a de que o neutrino, uma partícula do núcleo dos átomos, tem massa (veja ao lado). “Isso mexe com pesquisas importantes da Física, atualmente”, comenta Iuda Goldman, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo. Antes de mais nada, a descoberta pode alterar a teoria do Modelo Padrão, que explica a força eletromagnética e a chamada força fraca, que dispara as reações nucleares dentro do Sol. A questão é que a teoria foi montada com base no pressuposto de que a massa do neutrino era zero, mas, como isso está sendo desmentido, os teóricos vão ter de modificar suas equações. Outra conseqüência sensacional é que, se tiver mesmo massa, a partícula poderá constituir uma boa parte da “matéria escura” – que astrofísicos deduzem que existe no Universo, mas não conseguem enxergar com instrumentos. Segundo os especialistas, o peso total dos neutrinos ainda é pouco, pois seria equivalente a apenas cerca de 20% de toda a matéria escura espalhada pelo espaço. “Mesmo assim, o neutrino dará uma contribuição significativa”, comenta João Steiner, do Instituto Astronômico e Geofísico da USP.

Como o médico e o monstro

Veja como os cientistas confirmaram que os neutrinos mudam de personalidade, deduzindo, com isso, que eles têm massa.

Há tempos os físicos descobriram que os neutrinos têm uma propriedade incrível: eles podem mudar de cara, de vez em quando. É que eles são de três categorias. Existe o neutrino-elétron, o neutrino-múon e o neutrino-tau, e esses tipos podem se transformar uns nos outros. Só que, para isso, o neutrino precisa colidir com outras partículas, o quer dizer que ele tem de ter massa, pois, sem massa, a partícula passa lotada pelos outros fragmentos de matéria. O que os cientistas fizeram agora foi mostrar que os neutrinos trocam mesmo de personalidade, ao atravessar a Terra. Portanto, eles devem ter massa.

1. Um próton (partícula do núcleo atômico) vindo do espaço se choca com átomos da atmosfera terrestre.

2. Da trombada, espirram diversas partículas. Entre elas, um tipo de neutrino chamado neutrino-múon.

3. Esses neutrinos-múons atravessam a Terra toda a uma velocidade próxima à da luz no vácuo, ou seja, 300 000 quilômetros por segundo.

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4. Ao longo da viagem, diversos desses neutrinos-múons esbarram nos átomos das rochas e viram neutrinos de outro tipo, os chamados neutrinos-taus.

5. A prova de que alguns múons realmente viraram taus é que o detector também capta neutrinos vindos diretamente da atmosfera. E esses são quase todos do tipo múon, pois, como não atravessaram a Terra, não tiveram chance de sofrer a metamorfose. Então, confirmando que os neutrinos mudam de cara, conclui-se que eles têm massa.

Se… então…

Se uma ervilha pesasse tanto quanto o Sol…

…um elétron pesaria tanto quanto um carro…

…e um neutrino, tanto quanto um mosquito.

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No fundo da Terra

Um tanque cheio de água, com milhares de “câmeras fotográficas”, capta os neutrinos que passam.

• O detector Superkamiokande foi construído numa antiga mina de zinco, 600 metros abaixo da superfície.

• O tanque contém 50 milhões de litros de água ultrapura.

• As paredes são revestidas por cerca de 11 200 sensores de luz, que funcionam como máquinas fotográficas.

• Cada vez que um neutrino bate numa partícula da água, ele emite um facho de luz, que é “fotografado” pelos fotodetectores.

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