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O manto gelado da Terra acaba de quebrar mais um recorde perturbador

Uma parte fundamental do sistema climático está cada vez mais alterado

Por Vanessa Barbosa, de Exame.com
23 mar 2017, 17h52

O manto de gelo no mar do Ártico atingiu o seu limite máximo para o ano no dia 7 de março — 14,42 milhões de quilômetros quadrados, quase duas vezes o tamanho da Austrália.

Achou muito? Pois essa é a menor cobertura já registrada por satélite, em quase quatro décadas, em pleno inverno na região.

A informação é do Centro Nacional de Neve e Gelo da Universidade do Colorado (NSIDC) e da Nasa. Esse novo recorde superou a mínima histórica do inverno passado, de 14,52 milhões de quilômetros quadrados, e isso não é nada bom.

O declínio do gelo do mar tem acelerado nas duas últimas décadas, e está associado ao clima mais quente na região, que é afetado tanto pelas mudanças climáticas quanto por variabilidades temporais de curto prazo.

Segundo os cientistas, a nova mínima histórica resulta, em parte, de um outono e inverno muito quentes. O calor atmosférico contribuiu para isso, com temperaturas do ar até cinco graus acima da média em algumas partes do Ártico.

A extensão máxima para o inverno deste ano ficou 1,2 milhão de quilômetros quadrados abaixo do máximo médio de 1981 a 2010, de 15,64 milhões de quilômetros quadrados.

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Manto gelado
Gelo marinho no Ártico em 7 de março: a linha laranja mostra a diferença em relação à extensão média de 1981 a 2010. (National Snow and Ice Data Center/Reprodução)

A extensão do gelo do mar do Ártico desempenha um papel crítico no sistema climático do planeta. Fisicamente, sua superfície branca reflete até 80 por cento da luz solar recebida durante os longos dias de verão no Hemisfério Norte, exercendo uma influência de resfriamento sobre o clima.

Menos cobertura de gelo, portanto, significa que há mais oceano escuro para absorver mais energia do sol, o que leva a mais aquecimento e derretimento, mergulhando a região em um mecanismo que se retroalimenta conhecido como amplificação do Ártico.

A perda de cobertura de gelo pode, igualmente, perturbar o ecossistema, afetando o tempo de florescimento dos fitoplânctons, os organismos microscópicos que estão na base da cadeia alimentar marinha. Além disso, ursos polares, morsas, baleias e outros animais dependem do gelo marinho para sobreviver.

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Menos gelo também significa mais transporte pelo Ártico e exploração (principalmente de petróleo), com grandes implicações para a economia mundial e a segurança climática.

A Nasa publicou um vídeo mostrando as mudanças na formação de gelo na região do Ártico:

Polo Sul

E no lado oposto do planeta, no dia 3 de março, o gelo do mar em torno da Antártica atingiu sua menor extensão já registrada por satélites no final do verão no Hemisfério Sul.

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Em 13 de fevereiro, os números combinados de gelo marinho do Ártico e Antártico estavam em seu ponto mais baixo desde que os satélites começaram a medir continuamente o gelo do mar em 1979.

O gelo polar total cobria 2 milhões de quilômetros quadrados a menos do que a extensão mínima global média para 1981-2010. Foi como se o planeta tivesse perdido um pedaço de gelo marinho maior do que o México, segundo a Nasa.

 

Este conteúdo foi originalmente publicado em Exame.com

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