Durante os últimos 400 anos, as pessoas se acostumaram a ver o mundo com os olhos do cartógrafo flamengo Gerardus de Cremer Mercator (1512-1594), cujos mapas fornecem a latitude e longitude de qualquer ponto da Terra. Agora, um cartógrafo e historiador alemão, Arno Peters, pretende modificar essa visão do planeta. Seus atlas, publicado recentemente na Inglaterra, mostra a Terra “pela primeira vez em suas verdadeiras proporções”, como apregoa o trabalho. Da mesma forma que seu antecessor, Peters deforma a realidade – afinal, não é possível representar um globo tridimensional numa superfície plana sem erros.
Mas, enquanto os mapas de Mercator procuraram tornar a vida mais fácil para os navegadores, fornecendo as distancias corretas entre dois pontos, Peters desenha a Terra com proporções que obedecem às medidas certas de países e continentes. Por isso, em seus mapas não se tem a impressão, como nos de Mercator, de que a União Soviética é maior que a África, ou a Groenlândia é maior que o Brasil. Existem ainda outros critérios de projeção cartográfica e o Brasil adota oficialmente vários deles de acordo com o que pretende representar. Por enquanto, informa o cartógrafo Paulo Lambert, da Secretaria Especial de Ciência e Tecnologia, “os critérios do atlas de Peters ainda não foram usados em mapas nacionais”.