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Orcas morrem mais em anos pares. Entenda o motivo

Cientistas descobriram este curioso padrão enquanto estudavam salmões-rosa.... Praticamente um efeito dominó pink para as orcas.

Por Ingrid Luisa
24 jan 2019, 20h42

A orca é um dos animais mais admirados pelo ser humano. Sua antiga alcunha de “baleia-assassina” – que está cientificamente errada, ela tá mais pra golfinho que pra baleia – dava medo, mas a espécie gerou infinitamente mais fascínio quando descobrimos a extraordinária inteligência do animal. As orcas possuem habilidades sociais e constituem família. Como animais egocêntricos que somos, tendemos a gostar mais de outros bichos que possuem comportamento parecidos com os nossos. E o fato das orcas demonstrarem até luto ao perder entes queridos contou muito a favor delas.

Mas esse amor não as deixou ilesas dos arpões e até dos tiros de baleeiros e pescadores. Sua captura para exibições e parques também contribui muito para o declínio da população em estado selvagem. Além disso, ao longo dos anos, os cientistas identificaram que a poluição e ruído de embarcações são muito prejudiciais para esses animais, que hoje se encontram em risco grave de extinção.

Agora, os cientistas descobriram que as orcas morrem mais em anos pares do que em anos ímpares. E o culpado por isso pode ser o salmão rosa. Como é que é?

Bom, quatro biólogos notaram um padrão curioso nos dados do Center for Whale Research: nas últimas duas décadas, significativamente mais baleias morreram em anos pares do que em anos ímpares. Além disso, mais orcas recém-nascidas sobrevivem em anos ímpares do que nos pares: entre 1998 e 2017, houve 32 nascimentos bem sucedidos nos anos ímpares, mas apenas 16 nos pares.

O resultado, naturalmente, trouxe a pergunta: por que seriam os anos pares tão tóxicos para esses animais? É claro que não são os anos, em si, mas, sim, um padrão bianual que parece estar em conflito com o ciclo de vida das baleias.

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Tudo começa por outra espécie de salmão: o salmão-rei, que é a principal fonte de alimento das orcas. Elas caçam por ecolocalização, e dependem de quantidades bem razoáveis de salmão rei para suprir suas necessidades nutricionais básicas.

Tanto o salmão rei quanto o salmão rosa nascem e imigram para o Mar Salish, que fica no Pacífico Norte – e é a região que as orcas gigantes chamam de lar. Essa é a informação mais importante deste texto: todas as espécies de salmão nascem em água doce, e, depois que amadurecem, vão para o oceano. Na época da reprodução, eles retornam ao local de seu nascimento para colocar ovos. E, depois disso (de uma única leva de reprodução na vida) o salmão adulto morre.

Este local especial de nascimento, reprodução e morte, tanto para o salmão rosa quanto para o salmão-rei, é a região do Mar Salish, onde desembocam rios de água doce.

É nessa região, portanto, que a orca vai tentar encontrar o salmão-rei, enquanto o animal corre para chegar à água doce e se reproduzir. O problema é que ela pode acabar encontrando salmão rosa por engano. Afinal, essa espécie também passa por ali – e com mais frequência. O salmão rosa vive apenas 2 anos, contra os 6 de um salmão-rei. Por isso, o ciclo de vida dele é todo mais acelerado – inclusive a maturidade sexual e, por consequência, a reprodução.

As orcas, à medida do possível, desviam do salmão rosa, porque não são capazes de sobreviver à base deste peixe. O problema é que, desde 1998, a quantidade de salmão rosa naquela região aumentou vertiginosamente. E a migração deles acontece, especialmente, em anos ímpares.

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Salmão assassino?

O mar passa o ano ímpar todo lotado, portanto, do tipo errado de salmão (do ponto de vista de uma orca), o que torna a caça dela extremamente ineficiente – e muitas passam o ano todo com déficit nutricional. Mas você pode estar se perguntando: “se o salmão rosa confunde as baleias nos anos ímpares, porque elas morrem mais nos anos pares?” Segundo a teoria, como as baleias são mamíferos grandes, os resultados da confusão demoram para afetar sua taxa de mortalidade e reprodução: elas sofrem nos anos ímpares, mas o resultado disso (as mortes por passar o ano todo sem comer direito) só vem no ano seguinte.

A mais forte evidência a favor desta teoria é que o padrão bienal de morte das gigantes orcas não é encontrado antes de 1998 – que foi, justamente, a época da explosão populacional do salmão rosa.

Os pesquisadores ainda precisam de mais estudos para confirmar tudo isso, mas eles já acharam essencial falar sobre o padrão bianual e sobre as suspeitas em relação ao salmão. Afinal, para as orcas que estão em grave risco, quanto antes vierem esforços para ajudá-las, melhor.

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